terça-feira, 19 de maio de 2009

Ladislau Dowbor e a Democracia Económica

A seguir transcrevo alguns parágrafos extraídos de um livro do economista brasileiro Ladislau Dowbor, disponível para download na sua página da internet, chamado “Democracia Económica - Um passeio pelas teorias”, editado em São Paulo, Março de 2007.


"Nestas condições, limitar a democracia à sua expressão política tornou-se cada vez menos realista, tornando-nos inclusive cada vez mais céticos. Temos de evoluir para um conceito mais democrático da própria economia, para que a política volte a ter sentido."

"Enfrentamos hoje o problema central da governança, da forma como nos organizamos para fazer a sociedade funcionar. No plano político, a democracia foi um imenso avanço, já que pelo menos formalmente cada pessoa tem direito a um voto, e saímos da barbárie. No mundo econômico, no entanto, continuamos a aplicar regras que de democráticas não têm nada."

"Democracia econômica pode parecer um conceito estranho. Aprendemos a apreciar a democracia política, vital para a nossa liberdade. Mas quando a economia passa a dominar todas as áreas, inclusive a própria política, precisamos repensar o equilíbrio geral dos processos de decisão, o que hoje tem se chamado de governança.

Não basta ter eleições periódicas de representantes políticos, quando as decisões essenciais sobre as nossas vidas, nossos valores e o nosso futuro escapam à esfera política, e são tomadas por gigantes corporativos sobre os quais não temos nenhum controle. As corporações hoje manejam orçamentos maiores do que a maior parte dos governos do planeta. Ninguém elege os seus líderes. Nas principais cadeias produtivas, um grupo restrito de empresas domina o mercado, impõe os preços, constrói através da publicidade e do controle da mídia a visão positiva de si mesmo. A democratização da economia aflora como tema central.

"As teorias econômicas que herdamos do passado não dão realmente conta do que acontece. O presente ensaio busca, nas diversas correntes de pensamento alternativo, identificar uma tendência mais ampla de resgate do controle, por parte dos cidadãos, dos rumos do nosso desenvolvimento. Não é um exercício meramente acadêmico."

"O aquecimento global está às nossas portas, e nos damos conta de que o consumo obsessivo baseado na exploração de um recurso barato e finito, o petróleo, nos leva simplesmente a um impasse. A água esbanjada e poluída de maneira irresponsável leva a que 4 milhões de crianças morram anualmente por contaminação. A vida nos mares está sendo literalmente destruída, e se trata da maior reserva de vida do planeta. Só 2% das famílias concentram metade da riqueza mundial; os 50% mais pobres da população respondem por apenas 1% da riqueza do planeta."

"Só os inconscientes ou pessoas de má fé não se dão conta do drama que se amplia."

Para reflectir!

2 comentários:

  1. Acredito que a maioria das pessoas deste planeta já percebeu a encruzilhada em que se encontra. Não sabe é como agir, o sistema é completamente dominado pelo "capital" e este tem mesmo todo o poder. Só quando grande percentagem das pessoas do chamado mundo desenvolvido começar a sentir na pele a pobreza, é que algo poderá acontecer. Não acredito que agora que concentraram toda a riqueza a vão distribuir. A iniciativa não virá de quem tem o poder, mas sim daqueles que só o não têm porque não sabem como se unir.

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  2. Boa Cila! Até que enfim!...
    Para quem está tão por dentro da matéria, só apareces agora?! Melhor do que nunca... :)
    Estou completamente de acordo com a tua opinião! Então isto tem de ser resolvido de fundo, com sacrifício e coragem das "Massas"! como diz, o ex Presidente Cardoso do Brasil :- A Europa enriqueceu e por isso amoleceu, barriga cheia, não dá vontade de mudança! - Creio como ele, que as coisas não vão ser fáceis a partir de agora! O problema é que o poder político está vendido ao capitalismo! O povo deixou de ter protecção há muito tempo, por isso ninguém sabe como se unir. Anda tudo desorientado, e afastar isso do pensamento diário, é o mais fácil, até um dia...

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