domingo, 31 de janeiro de 2010

Dia Mundial dos Leprosos

Assim como não se compreende que se morra à fome num mundo que desperdiça tanto alimento, também não se entende que uma doença como a lepra, que tem tratamento e cura, ainda não tenha sido erradicada. Só em 2008, de acordo com a OMS, foram registados 249 mil novos casos, a maioria dos quais na Ásia, América Latina, e África. Os países mais afectados são a Índia, Brasil, Nepal, Bangladesh, República Democrática do Congo e Indonésia. Em 2008 foram também registados 11 casos em Portugal. Apesar de o número total de novos casos estar a diminuir, o surto da doença na Índia e no Brasil é alarmante.

Actualmente, face ao carácter discriminatório e mesmo depreciativo que as palavras "lepra" e "leproso" adquiriram sobretudo no Brasil, esta doença tem sido denominada pelos termos hanseníase ou doença de Hansen (do nome de Gerhard Hansen, que identificou o agente da doença). A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução longa, causada pelo Mycobacterium leprae, microorganismo que ataca principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo.

A seguir fica a mensagem da APARF, Associação Portuguesa dos Amigos de Raoul Follereau, IPSS de utilidade pública que se dedica a prestar assistência material, sanitária e moral às pessoas afectadas pela doença de Hansen:

"57º DIA MUNDIAL DOS LEPROSOS
31 de Janeiro de 2010
No último Domingo de Janeiro de cada ano, é celebrado o Dia Mundial dos Leprosos, o qual foi instituído pela ONU, em 1954, a pedido de Raoul Follereau, o Apóstolo dos Leprosos do século XX.
A Lepra é uma doença dermatológica, infecciosa, crónica que atinge as pessoas pelo contágio, em especial as mais frágeis que sofrem de desnutrição, falta de água potável e baixos padrões de higiene. Raoul Follereau chamava à lepra a filha primogénita da pobreza.
O Dia Mundial dos Leprosos celebra-se no próximo dia 31 de Janeiro de 2010 e será mais uma oportunidade para levar as pessoas a reflectirem sobre a situação de sofrimento das vítimas desta doença e a partilhar com elas a sua solidariedade e algo dos seus bens, para ajudar a tratar as suas feridas, aconchegar os seus estômagos, prestar mais informação sobre a doença, reabilitar e reinserir quem está marginalizado por causa desta enfermidade.
Quando a Lepra é diagnosticada e tratada atempadamente, evita-se a formação de úlceras, a afectação do sistema nervoso periférico, a produção de lesões graves nos pés, nas mãos e evitar a cegueira.
Actualmente há tratamento e cura para a doença e são tratados, efectivamente, cerca de um milhão de doentes por ano. No entanto, as precárias condições de vida de muitas populações, devido à pobreza, às injustiças sociais, à ignorância, às guerras e às calamidades naturais causam o aparecimento de 400/500 mil casos novos por ano.
Raoul Follereau (1903/1977) dedicou 50 anos da sua vida à causa dos Leprosos “os mais pobres dos pobres”, como ele os definia, orientando a sua acção sob a mensagem “combater a Lepra e todas as causas de exclusão social”.
A APARF inspira a sua actividade na Mensagem de Raoul Follereau, a favor dos doentes de Lepra e vítimas de todas as “lepras”, solicitando para esta campanha a melhor divulgação e generosa colaboração."

(Fontes: APARF, Fontilles, Visão, Dermatologia-net)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Contra os transgénicos

Está a decorrer uma recolha de assinaturas de adesão à moção sobre OGM - Contra a libertação no ambiente de organismos transgénicos, a que pode aceder, ler e assinar através da respectiva página da Naturlink.

Os Organismos Geneticamente Modificados, conhecidos pela sigla OGM, são organismos que, através de engenharia genética, sofreram alterações ou mutações intencionais no seu material genético, com o objectivo de ver alteradas determinadas características, como por exemplo, a resistência a determinadas doenças ou a velocidade de crescimento. Nem todos os OGM são transgénicos, mas todos os transgénicos são OGM: os transgénicos são organismos geneticamente modificados em que parte do ADN provém de outro organismo que pode até ser de espécie diferente.

Os transgénicos já são comercializados desde 1994, sendo a soja o transgénico mais produzido no mundo (ocupa 53% da área total cultivada com transgénicos), seguida pelo milho transgénico (30%), pelo algodão transgénico (12%) e pela colza transgénica (5%).

Com o argumento de providenciarem mais alimento a menos custo para um mundo com agora com mais de mil milhões de pessoas com fome crónica, o uso dos transgénicos acaba, como sempre, por ser um negócio para alguns enriquecerem, pois são muito poucas as empresas detentoras das patentes (as principais são: Monsanto, Bayer, Syngenta, Dow, BASF e Du Pont). Só a Monsanto detém mais de 90% de todo o mercado de sementes transgénicas.

Segundo dados de 2008, apenas seis países cultivam 95% dos transgénicos cultivados a nível mundial: Estados Unidos (50% do total de cultivos), Argentina (17%), Brasil (13%), Índia (6%), Canadá (6%) e China (3%). A área total cultivada com transgénicos a nível mundial, foi de 125 milhões de hectares. Na União Europeia houve milho transgénico a ser legalmente cultivado em Espanha, Alemanha, Portugal, República Checa, Eslováquia e Roménia. Em Portugal, o cultivo de milho transgénico em 2008 ocupou cerca de 4900 hectares. (Fonte: Plataforma Transgénicos Fora - FAQ's)

O uso e cultivo de transgénicos contribuem para pôr em risco a nossa saúde, para tornar a agricultura menos diversificada, para a dependência e empobrecimento dos agricultores, para subverter o comércio agrícola, para contaminar outras culturas, e é uma ameaça à biodiversidade, entre outros aspectos. E não está a contribuir para diminuir a fome no mundo, que, pelo contrário, continua a aumentar.

Para saber mais sobre transgénicos visite a Plataforma Transgénicos Fora ou o site da Greenpeace Brasil.

Veja no vídeo abaixo a reportagem da Euronews, anterior às últimas eleições europeias, de Junho 2009 sobre o exemplo da Áustria. Querem-nos obrigar a ter transgénicos mesmo sem eles quererem!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Desenvolvimento Sustentável - estamos tão longe...

Na edição especial da revista "National Geographic" intitulada "O Estado do Planeta", de 2008, e que este fim de semana estava à venda em conjunto com mais duas revistas ("Alterações Climáticas" e "Mares e Oceanos"), esbarrei na primeira fase do primeiro tema "A Condição Humana", e que é a seguinte:

"A fortuna das 2 pessoas mais ricas do mundo é maior que a soma do PIB dos 45 países mais pobres"

Eu já tinha uma noção das disparidades e desequilíbrios económicos deste mundo, mas isto, dito assim com estes números chocantes, confesso que me abalou.

Entretanto, descobri hoje um livro, que ainda não li, mas que folheei e me pareceu muito interessante. Chama-se "Desenvolvimento Sustentável, Uma Introdução Crítica", de Valdemar Rodrigues. Fica aqui abaixo parte do texto da contracapa:

"O desenvolvimento sustentável não pode, nem deve, continuar a confundir-se com o discurso pragmático e superficial da modernização ecológica, para bem da protecção do ambiente e em benefício da possibilidade de uma vida digna para as gerações vindouras.
A sustentabilidade apresenta um extraordinário potencial mobilizador das vontades humanas - o qual tem sido frequentemente obliterado e incompreendido - no sentido de uma sociedade mais justa, mais democrática e mais respeitadora da multiplicidade de energias criadoras existentes na Terra; e implica o crescimento em cada indivíduo e em cada geração de um sentido amplo e altruísta do dever de cuidar daquilo que não é seu, embora esteja à disposição de cada pessoa e de cada sociedade humana.
A educação para a sustentabilidade, a boa governação, a boa ciência e a ligação mutuamente produtiva das pessoas com a natureza e com a restante humanidade são exemplos de factores «enzimáticos» da cristalização nas sociedades humanas deste novo quadro de valores."

Não podia estar mais de acordo. Tal como referi num comentário do "post" anterior: «Na minha "versão" de sustentabilidade, a equidade e justiça na distribuição de recursos pelos diferentes povos é tão essencial como o preservar recursos para as gerações futuras: há "gerações presentes" sem qualquer direito a recursos básicos, que outras "gerações presentes" desperdiçam e esbanjam. Isto é absolutamente insustentável. A sustentabilidade passa também pela satisfação das necessidades de todos, e não de alguns. Todos: pessoas, fauna, flora, toda a natureza.»

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A ameaça do consumismo - Despertemos os adormecidos

Estou há muitos anos convencida de que o maior inimigo da sustentabilidade é o consumismo.
Não sou a única, cada vez são em maior número as pessoas conscientes desta realidade. Mas infelizmente, ainda há uma grande maioria completamente cega para este sério problema. E são as futuras gerações que pagarão bem caro, caro demais, pois os recursos do nosso planeta são limitados.

Se toda a população mundial consumisse como a média dos portugueses, seriam precisos 2,6 planetas Terra para os fornecer. Mas se fossem todos como os norte-americanos, 6 planetas Terra não chegariam. Dividindo a área produtiva da Terra pela população, obteríamos 2,0 hectares por pessoa. No entanto, a pegada ecológica média dos terráqueos é de 2,9 hectares por habitante. Isto significa que estamos a consumir 45% acima do sustentável. Assustador, não é?

O texto seguinte, sobre o relatório do Worldwatch Institute, é a transcrição do artigo publicado em Naturlink, que confirma a enorme ameaça que o consumismo comporta.

«Culto do consumismo é principal ameaça ao Ambiente
por Filipa Alves (13-01-10)

O hábito do consumo exacerbado foi adoptado por culturas de países como a Índia, Brasil e China como símbolo de riqueza e segundo um relatório do Worldwatch Institute, está a tornar-se a maior ameaça ao planeta pelo que deve ser combatido de forma prioritária.

Nos últimos anos, a população mundial tem vindo a crescer o que, como seria de esperar, originou um aumento do consumo de bens e serviços. No entanto, o consumismo tem crescido de forma desproporcionada o que é consequência da propagação de um hábito que surgiu nos Estados Unidos e que hoje é prática corrente por todo o mundo.

Com efeito, nos últimos 50 anos a cultura da “posse” foi adoptada como símbolo do sucesso em países em desenvolvimento como o Brasil, a Índia e a China, que recentemente ultrapassou o gigante americano como principal mercado de automóveis.

Segundo o relatório anual do Worldwatch Institute, estas tendências não são consequência do crescimento económico e devem ser contrariadas pois podem anular os ganhos associados às acções dos governos em matéria de Alterações Climáticas e promoção de um novo tipo de economia baseada em energia limpa.

Segundo Erik Assadourian, director do projecto que produziu o relatório cujos resultados foram agora apresentados “Até reconhecermos que os nossos problemas ambientais, desde as Alterações Climáticas até à desflorestação e à perda de espécies, são alimentadas por hábitos insustentáveis, não seremos capazes de resolver as crises ecológicas que ameaçam assolar a civilização”.

O relatório reconheceu que há sinais do “afrouxamento” do consumismo, com educação das camadas jovens a insistir na consciencialização no que toca aos impactos do consumo no ambiente, mas há que promover uma “transformação total de valores e atitudes” porque o investimento em tecnologias e a alteração de políticas só podem ser eficazes até certo ponto, se as culturas centradas no consumismo se mantiverem.

Segundo o presidente do WorldWatch Institute, o momento actual é propício à mudança “À medida que o mundo luta para recuperar da crise económica mais séria desde a Grande Depressão, temos como nunca antes aconteceu uma oportunidade para virar as costas ao consumismo. Em última instância o instinto humano de sobrevivência têm de triunfar sobre a necessidade de consumir a qualquer custo”.» (Fonte: Naturlink)

Será que a consciência global vai acordar a tempo? Por favor, toquem campainhas, abanem os dorminhocos, liguem despertadores no máximo... por esse mundo fora, pois todos dependemos de todos!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Reutilização de móveis


A Fada do Bosque (Helena Alves), contribuidora deste blogue, tem como modo de vida a dedicação à arte de dar vida nova a móveis antigos (ou nem tanto), restaurando-os, alterando-os e pintando-os de uma maneira artesanal, tornando peças que aparentemente estariam destinadas a engrossar as lixeiras ou a a alimentar fornos, em lindas peças úteis e decorativas. O seu trabalho, e do seu companheiro Miguel Delgado, pode ser apreciado no blogue Oficina do Bosque, testemunho do bom gosto dessa equipa dedicada, que contra ventos e marés, se continua a dedicar a fazer aquilo que realmente gosta e que contribui, através da reutilização, para uma menor pegada ecológica e para um planeta melhor e mais limpo.

Este mês, parte do produto do trabalho da Oficina do Bosque fez uma viagem de 300 km para sul, encontrando-se em exposição em terras da capital, mais propriamente na Junta de Freguesia de S. João do Estoril.

A exposição decorre até ao próximo sábado, e está aberta ao público das 10h00 ás 18h00.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Reutilização de computadores

A notícia saiu no semanário Expresso de 24 de Dezembro passado, no caderno de Economia: na sequência da renovação do equipamento informático da PT, 1500 computadores foram limpos, formatados e preparados para doação a escolas e instituições de cariz social em Portugal, São Tomé, Cabo Verde, Moçambique e Timor. A empresa oferece 5 dias por anos de trabalho do seus funcionários para voluntariado, tendo participado nesta acção, 200 deles.

Um bom exemplo, que muitas empresas e instituições poderiam seguir na altura de renovação do equipamento informático, que, infelizmente, em pouco tempo precisa de ser substituído por material mais rápido e mais potente para acompanhar os novos programas. E depois, os fabricantes alteram os componentes de modo que quase nada se adapta a quase nada, obrigando a que se compre quase tudo de novo.

Uma iniciativa destas é de louvar, quer pelo aspecto solidário, providenciando computadores a quem os não tem, quer pelo aspecto ambiental, pois a reutilização evita o acumular de lixo tecnológico, que tem as consequências que já aqui vimos. Pesquisei na internet a ver se conseguia mais alguma notícia sobre o assunto, mas não encontrei nada. Espero que a acção chegue a bom porto. (Nota: clique na imagem para ampliar e ler a notícia completa)

sábado, 16 de janeiro de 2010

Torturadores de animais

Já falámos aqui nas deploráveis condições em que vivem e são tratados a maioria dos animais para "consumo" nas instalações pecuárias de produção em massa. Tirando algumas quintas de criação natural ao ar livre, a maioria da carne e outros produtos de origem animal consumida nos países ditos civilizados, é assim produzida - É cruel que se trate assim os animais, sem espaço para se mexerem, injectados com substâncias químicas para crescimento rápido, tratados e transportados como objectos, sem dignidade nenhuma.
Maltratam-se animais de criação, maltratam-se animais para experimentação em laboratórios, maltratam-se e chacinam-se animais por diversão, por tradição! Não compreendo como se aceita isto de ânimo leve, como se fosse um dado adquirido a que não podemos fugir. Não é!

A crueldade humana não tem limites. Praticam-se por esse mundo fora actos abomináveis para com os animais. Mas a China é a verdadeira campeã da tortura animal. Na China esfolam animais vivos para a produção de vestuário de peles! Na China torturam animais porque assim a sua carne fica mais saborosa! Na China alimentam tigres do jardim zoológico com vitelos e outros animais vivos! Na China aprisionam e maltratam ursos para lhe extraír a bilís em vida para produção de cosméticos e medicamentos. Na China fritam peixes vivos deixando a cabeça de fora para servir no restaurante ainda a mexer. Na China maltratam cães e gatos para comercializar as suas peles. E continua... Fazer uma pesquisa na Internet sobre a tortura de animais na China é uma experiência dolorosa!

O vídeo que incorporei abaixo foi filmado com câmara oculta numa quinta de produção de "peles", na China, e é o mote da organização PETA (People for the Ethical Treatment of Animals ) para uma petição contra o uso de peles. É um dos exemplos de tortura - animais esfolados vivos . Aviso que as imagens são chocantes!


Pledge to go fur-free at PETA.org.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ajude Haiti hoje

Provavelmente já viu as imagens da devastação provocada pela gravidade do terramoto que ocorreu no Haiti na noite passada, com epicentro a 15 km da capital Port-au-Prince, com a magnitude de 7,0 na escala de Richter. De acordo com a Cruz Vermelha, cerca de 3 milhões de pessoas terão sido afectadas, cerca de 1/3 da população do país. Muitas organizações humanitárias estão já em campo para ajudar nesta crise.

Este texto seguinte é a tradução livre de parte do texto de um e-mail que recebi da WFP (ou PAM - Programa Alimentar Mundial da ONU):

"Ainda não se sabe a extensão dos danos, mas sabemos que milhões de pessoas estão sem comida. Quando ocorre um desastre deste, muitas vezes a fome é a primeira emergência. O WFP sabe como fazer chegar os alimentos de forma rápida e eficaz a quem precisa, e as nossas equipas estão a trabalhar sem parar para mobilizar suprimentos de emergência crítica. Mas precisamos do seu apoio. Hoje, nesta hora crítica, você vai dar ser tão generoso quanto pode para ajudar a responder às enormes necessidades no Haiti?"

Se quer ajudar Haiti através do WFP, basta clicar no link ou na imagem ao lado direito, e usar cartão de crédito.

A AMI (Assistência Médica Internacional) parte amanhã para o Haiti para fazer levantamento das necessidades na zona. Para ajudar a AMI, pode fazê-lo através de multibanco ou transferência bancária, acedendo previamente à sua página de donativo esporádico para saber como, ou através da imagem aqui ao lado esquerdo.

Ou pode também ajudar a Cruz Vermelha Portuguesa, através de multibanco ou por transferência bancária, saiba como no link ou na imagem à direita.



Sendo o Haiti um país muito pobre, com mais de metade da população a viver em situação de pobreza extrema e com quase metade da população sem acesso a água potável, uma catástrofe destas exige a colaboração das outras nações, das ONG's e de todos os que tiverem a boa vontade de ajudar da forma que puderem. Mas se puder, ajude HOJE.

(Fontes: Público, WFP, AMI, TVI24, Correio da Manhã (vídeo))

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Reflexões da Nossa Candeia

Para aliviar os olhos da impressão com que ficamos do "post" anterior, hoje apresento uma foto que tirei no também no sábado de manhã, junto a uma lixeira.
Porque mesmo no meio do lixo a vida consegue florescer e ser bela.

E para reflexão sobre as nossas impressões, vou transcrever o belíssimo texto "Reflexos Soltos" de Ana Paula Fitas publicado no blogue A Nossa Candeia, um blogue que ilumina mesmo. As quebras de linha, fui eu que introduzi, espero que a autora me perdoe.


"... porque o mundo é,
em nós,
uma impressão
e por dele imprimirmos,
em tudo e a cada passo,
outra impressão que permanece sempre,
ainda outra,
a cada olhar e a cada um,
por razões várias e diversas...
magnífica pluralidade,
extraordinária solidão,
espantosa diversidade...
de um mundo que é,
apesar disso,
apenas um...
e a cuja fragilidade resistimos,
persistindo em nos perder
num já velho
mas sempre renovado
jogo de espelhos
em que o humano se deslumbra e esquece,
distraído,
da residual condição,
efémera,
da existência...
e deixa acontecer...
o que razão e emoção lhe garantem injusto,
infundado e interdito..."


Ana Paula Fitas

domingo, 10 de janeiro de 2010

Vamos acabar com as lixeiras - LIMPAR PORTUGAL

O Projecto Limpar Portugal (PLP) é um movimento cívico cujo objectivo é promover a educação ambiental por intermédio da iniciativa de limpar a floresta portuguesa no dia 20 de Março de 2010, sem recurso à movimentação de dinheiro.
Baseia-se na boa vontade e trabalho dos voluntários, e nas parecerias com empresas e instituições que colaborem através da cedência de meios (humanos e/ou materiais) dando assim o seu apoio ao movimento.
Existe uma rede onde os voluntário se registam, integrando de seguida um dos grupos locais constituídos.
Neste momento, já se ouve falar bastante na iniciativa na comunicação social, e a rede já integra mais de 21 mil voluntários.
No entanto, o trabalho a desenvolver não se restringe ao dia 20 de Março (dia L). Previamente, é necessário divulgar e fazer crescer o número de voluntários, é necessário arranjar parcerias para que existam os meios necessário á remoção do lixo, e é preciso localizar e registar as lixeiras existentes. A acção de limpeza tem de ser coordenada, pois antes do dia L tem de se saber onde se vai limpar, o quê e como. Para este trabalho prévio, também é necessária a ajuda de voluntários, não tantos como para o dia da limpeza, mas seguramente mais do que as que têm estado a colaborar.

Ontem de manhã, o grupo VNF-Famalicão, em que estou registada, foi para "campo" localizar lixeiras para depois as registar. O "trabalho" consiste em anotar as coordenadas GPS (ou localizar no mapa) tirar fotos, e anotar a dimensão da lixeira e o tipo de lixo que aí se encontra. O slide abaixo apresenta fotos de algumas das lixeiras que o sub-grupo em que me integrei detectou. Resíduos de construção e demolição, inertes, isolamentos, pavimentos, persianas, tubos..., móveis, electrodomésticos, plásticos, garrafas de vidro, roupa, restos de fios ainda nos rolos (de fiação ou tecelagem), etc., etc.. O que quase não encontramos foram resíduos metálicos (esses valem dinheiro...)


Há coisas que não entendo mesmo.
  • No nosso concelho está localizada uma empresa, a Valor-Rib, que aceita (pagando-se, claro...) resíduos inertes para aterro, resíduos de construção e demolição e outros resíduos não perigosos.
  • No nosso concelho existem muitos ecopontos distribuídos de acordo com a densidade populacional, e existe um Ecocentro municipal onde se aceitam (sem pagar) quase todo o tipo de resíduos, e seguramente todos aqueles que vimos espalhados pelas lixeiras: grandes volumes (monstros), electrodomésticos, plásticos, vidros, papeis, roupa, madeira, e até óleos usados.
  • No caso da recolha de "monstros", até vão buscá-los a casa das pessoas se previamente telefonarem e marcarem uma hora.
  • Já vi muitas vezes nos jornais locais páginas inteiras de publicidade do município ao Ecocentro informando os tipos de lixo que ali aceitam.
Mas o mais estranho de tudo é que muitas das lixeiras que vi estão a menos de 3 km do Ecocentro! Tiveram de levar o lixo num veículo, porque não o levaram ao sitio certo, logo ali ao lado?

O que falta para acabar com este maldito costume de levar o lixo ali a uma qualquer floresta, num local acessível mas pouco frequentado?

Espero sinceramente que esta iniciativa de Limpar Portugal, para além de limpar a floresta no dia 20 de Março, ajude a limpar e educar muitas mentalidades para que deixem de atirar o seu lixo para qualquer sítio!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Absurdo

Fui buscar esse vídeo ao blogue "E esse tal Meio Ambiente?", onde está também a letra da canção "Absurdo" de Vanessa da Mata. Se quiser ver a gravação da actuação ao vivo, pode fazê-lo no canal oficial de Vanessa da Mata. Para ouvir boa música, e reflectir nas palavras.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

FreeRice Toolbar

Já conhece o jogo FreeRice? Está ali o banner na coluna da direita. É um jogo didáctico e solidário, Respondendo a perguntas, aprende-se enquanto se joga, e por cada resposta certa está-se a doar 10 grãos de arroz ao do Programa Alimentar Mundial, WFP, destinando-se a alimentar pessoas que sofrem de fome crónica. O tema inicial é vocabulário inglês, mas pode mudar para outras línguas, para artes, geografia, química, ou matemática.

Agora, para além de poder ajudar jogando, pode ajudar pesquisando na Internet. Basta instalar a barra de ferramentas FreeRice Toolbar e fazer as pesquisas a partir da mesma. Por cada 5 pesquisas são doados 2500 grãos de arroz, no máximo de 5000 grãos por dia. A barra de ferramentas funciona apenas com o Internet Explorer e com o Firefox. Eu já instalei, e não custou nada. O filme explica melhor (em inglês).


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Expo 2010 - Pavilhão de Portugal revestido a cortiça

O Pavilhão de Portugal na Expo 2010, da autoria do arquitecto Carlos Couto, vai ser revestido a cortiça, e, de acordo com as notícias, parece que vai ser uma aposta na arquitectura sustentável, com a utilização de matérias primas nacionais e recicláveis. Esperemos que assim o seja, e que actue como exemplo e incentivo a uma construção de menor impacte sobre o ambiente.
A construção está orçamentada em 3 milhões de euros. O que vai acontecer ao pavilhão após a exposição, não sei, mas se os materiais são recicláveis, nem tudo se perde. No entanto, na política dos 3R, reutilizar vem antes de reciclar...
(Fontes: Café Portugal, Oje, RádioRenascença)

Nota de rodapé: Por falar em milhões de euros e sustentabilidade, não resisto a expressar aqui o meu espanto com esta obra!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Boa Governação segundo o Dr. Fernando Nobre


Na sua última mensagem de 2009 no blogue Contra a Indiferença", o Dr. Fernando Nobre, fundador e presidente da AMI, dá-nos o seu entendimento sobre o que é a boa governação, e a sua crítica à actual (des)governação global. Transcrevo para aqui uma parte do texto, mas aconselho a que o leiam na íntegra aqui, no texto original.

E se perguntarem o que é que este assunto tem a ver com sustentabilidade, respondo com uma outra pergunta: e o que há de mais insustentável que uma má governação?



Por boa governação entendo uma governação exclusivamente norteada para o bem da Res Publica e da Humanidade.
Boa governação exige ética, rigor, verdade, responsabilidade, coerência, compromisso e respeito pelas promessas contidas nos programas eleitorais ou feitas em campanha o que a coloca nos antípodas da corrupção, demagogia, manipulação, mentira…
Boa governação implica preocupação com os mais fragilizados e desprotegidos da sociedade, estar à escuta e em diálogo com as mais íntimas aspirações dos cidadãos e colocar o Estado Nacional e o Mundo acima dos momentâneos interesses partidários e pessoais.
Boa governação requer ideias claras quanto às verdadeiras causas Nacionais e Globais existentes e lutar, contra ventos e marés, por elas.
A boa governação deve impelir a um diálogo singular e colectivo com os povos, olhos nos olhos, explicando bem e claramente a razão de certas decisões deveras difíceis e sensíveis como são certas decisões económicas e todas as guerras, mesmo as incompreensíveis, como a do Iraque. Exige ainda que se consulte os povos quando a opção da guerra não consta de nenhum programa eleitoral ou de governo, pelo que, de seguida restará apenas acatar a decisão soberana e sem apelo dos povos.
A boa governação não aceita que se façam guerras baseadas na trapaça e na mentira (como aconteceu com a guerra do Iraque) e que se encete, em período próximo de eleições, malabarismos de marketing, afirmando e prometendo tudo e o seu contrário ou pura e simplesmente que se fuja às suas responsabilidades, sobretudo se for para ocupar um lugar de maior destaque… Esses espúrios comportamentos e atitudes vergonhosas contribuíram decisivamente para a descredibilização das classes políticas e dos governantes responsáveis pela actual desorientação e desmotivação dos povos.
(...)
Ao fim e ao cabo, a liderança global já existe! Infelizmente, actualmente ela é secreta, feita de cima para baixo e nada democrática. Ela está inoperativa, descoordenada, cacofónica e descredibilizada com as guerras do Iraque e Afeganistão com as confusões do Kosovo (estendidas à Ossétia do Sul e à Abacásia), com a Crise Financeira e Económica sistémica, com as piratagens no mar da Somália e a desgovernação na República Democrática do Congo, no Zimbabué, na Somália, na Chechénia, Birmânia…
Por tudo isso é que a nada clara governação global, não assumida, constituída pelas Nações Unidas, FMI, BM, OMC, Clube de Roma, o G8, o G20, G2+18, G2 e, menos globalmente, a OPEP, a ASEAN, a União Europeia, a OCDE, a OSCE… está caduca. A Governação Global tem que ser absoluta e urgentemente reformada, reenquadrada e democraticamente legalizada, tendo em conta a premência de Soluções Globais. Não há volta a dar!
(...)"

domingo, 3 de janeiro de 2010

Apelo à Biodiversidade

"Não gostamos que os animais, a quem tornamos nossos escravos, sejam considerados nossos iguais." Charles Darwin

"Ao estudar as características e a índole dos animais, encontrei um resultado humilhante para mim." Mark Twain

"De todas as espécies a humana é a mais detestável. Pois o homem é o único ser que inflige dor por desporto, sabendo que está causando dor." Mark Twain

"Creio que os animais vêem no homem um ser igual a eles, que perdeu a forma extraordinariamente perigosa, o são intelecto, isto é, que vêem um animal irracional. Um animal que ri, um animal que chora, um animal que é infeliz." Nietzsche

2010 - Ano Internacional da Biodiversidade

2010 foi declarado pelas Nações Unidas como o Ano Internacional da Biodiversidade (IYB) para ajudar a aumentar a consciencialização sobre a importância da biodiversidade em todo o mundo, salientando a sua importância no nosso bem-estar, reflectindo sobre as conquistas para salvaguardar a biodiversidade e incentivando um redobrar de esforços para reduzir a taxa de perda de biodiversidade.



"A biodiversidade engloba a variedade de genes, espécies e ecossistemas que constituem a vida no planeta. Assistimos actualmente a uma perda constante da biodiversidade com profundas consequências para o mundo natural e o bem-estar humano. As principais causas são as alterações nos habitats naturais, resultantes dos sistemas intensivos de produção agrícola, da construção, da exploração de pedreiras, da sobrexploração das florestas, oceanos, rios, lagos e solos, da introdução espécies alóctones invasivas, da poluição e, cada vez mais, das alterações climáticas globais. A Europa estabeleceu um objectivo para travar a perda de biodiversidade até 2010. Vários estudos recentes da AEA mostram que se não forem envidados mais esforços políticos significativos, é improvável que esse objectivo seja atingido" (Fonte: AEA - Agencia Europeia do Ambiente)

A espécie humana é responsável pelo desaparecimento de milhares de espécies. A profunda alteração que as nossas actividades introduziram no planeta implicam a perda contínua da biodiversidade, essencial à manutenção dos equilíbrios na Terra. Temos de inverter esta tendência. Protejamos a biodiversidade protegendo a natureza.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Paz e direitos humanos

Por exortação do Papa Paulo VI, desde 1968 que se comemora o Dia Mundial da Paz no meio católico. Entretanto, desde 2002 que a ONU designou o dia 21 de Setembro como o Dia Internacional da Paz. Por mim, até podiam haver mais Dias da Paz, aliás gostava imenso que todos os dias fossem Dias da Paz.

E porque não pode haver paz verdadeira sem haver respeito pelos direitos humanos, começo o ano a relembrá-los com o vídeo abaixo, que recomendo vivamente a quem ainda não o viu. Mais abaixo, fica uma parte da mensagem do Papa Paulo VI no 1º Dia Mundial da Paz.



"MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA PAULO VI PARA A CELEBRAÇÃO DO I DIA MUNDIAL DA PAZ, 1 DE JANEIRO DE 1968

1 DE JANEIRO: DIA MUNDIAL DA PAZ

Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o «Dia da Paz», em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de Janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro.

Nós pensamos que esta proposta interpreta as aspirações dos povos, dos seus governantes e das entidades internacionais que intentam conservar a Paz no mundo; das instituições religiosas, tão interessadas no promover a Paz; dos movimentos culturais, políticos e sociais que fazem da Paz o seu ideal; da juventude, em quem mais vivas estão as perspectivas de caminhos novos de civilização, necessariamente orientados para um seu pacifico desenvolvimento; dos homens prudentes que vêem quanto a Paz é necessária e, ao mesmo tempo, quanto ela se acha ameaçada.

A proposta de dedicar à Paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente nossa, religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da Paz, como se se tratasse de uma iniciativa sua própria; que ela se exprimisse livremente, por todos aqueles modos que mais estivessem a carácter e mais de acordo com a índole particular de quantos avaliam bem, como é bela e importante ao mesmo tempo, a consonância de todas as vozes do mundo, consonância na harmonia, feita da variedade da humanidade moderna, no exaltar este bem primário que é a Paz.

A Igreja católica, com intenção de servir e de dar exemplo, pretende simplesmente «lançar a idéia», com a esperança de que ela venha não só a receber o mais amplo consenso no mundo civil, mas que também encontre por toda a parte muitos promotores, a um tempo avisados e audazes, para poderem imprimir ao «Dia da Paz», a celebrar-se nas calendas de cada novo ano, carácter sincero e forte, de uma humanidade consciente e liberta dos seus tristes e fatais conflitos bélicos, que quer dar à história do mundo um devir mais feliz, ordenado e civil.

A Igreja católica encarregar-se-á de tomar as providências para oportunamente chamar a atenção de seus filhos para o dever de celebrarem o «Dia da Paz», com as expressões religiosas e morais da fé cristã; mas, julga necessário lembrar a todos aqueles que porventura queiram comungar a oportunidade deste «Dia», algumas coisas que o devem caracterizar.

A primeira dessas coisas é a necessidade de defender a Paz, frente aos perigos que continuamente a ameaçam: o perigo da sobrevivência do egoísmo nas relações entre as nações; o perigo das violências, a que algumas populações podem ser arrastadas pelo desespero de não verem reconhecido e respeitado o próprio direito à vida e à dignidade humana; o perigo, hoje tremendamente aumentado, do recurso a terríveis armas exterminadoras, de que algumas potências dispõem, despendendo com isso enormes meios financeiros; cujo gasto é motivo de dolorosa reflexão; diante das graves necessidades que dificultam o desenvolvimento de tantos outros povos; o perigo de fazer crer que as controvérsias internacionais não podem ser resolvidas pelos meios da razão, isto é, das negociações fundadas no direito, na justiça e na equidade, mas só por meio de forças aterradoras e exterminadoras.

A Paz funda-se subjectivamente num espírito novo que há-de animar a convivência dos povos, num novo modo de pensar o homem os seus deveres e o seu destino. Um longo caminho resta ainda a percorrer, para tornar universal e operante esta mentalidade : uma nova pedagogia deve educar as novas gerações para o respeito mútuo das nações, para a fraternidade dos povos e para a colaboração das pessoas entre si, e, tudo isto afinal; em vista do próprio progresso e desenvolvimento. Os organismos internacionais, instituidor para este fim, devem ser sustentados por todos, melhor conhecidos, dotados de autoridade e de meios idóneos para a sua grande missão. O « Dia da Paz » deve tributar honras a estas instituições, emoldurar de prestígio a sua obra e rodeá-las de confiança e daquela expectativa que servem a manter nelas, sempre vigilante o sentido das suas gravíssimas responsabilidades, e forte a consciência do mandato que lhes foi confiado.

E impõe-se fazer mais uma advertência: a Paz não pode basear-se numa falsa retórica de palavras, bem aceites, em geral, porque correspondem às profundas e genuínas aspirações dos homens, mas que podem também servir, e infelizmente algumas vezes já serviram, para dissimular o vazio de um verdadeiro espírito e de reais intenções de Paz, quando não até, para encobrir sentimentos e acções de opressão, ou interesses partidários.

Não se pode pois, falar de Paz; legitimamente, quando não são reconhecidos e respeitados os seus sólidos fundamentos: a sinceridade, ou seja, a justiça e o amor, tanto nas relações entre os estados, como no âmbito de cada nação; entre os cidadãos e entre estes e os governantes. Depois, a liberdade dos indivíduos e dos povos, em todas as suas expressões, cívicas, culturais, morais e religiosas ; caso contrário, não se terá Paz ; ainda mesmo que, porventura, a opressão seja capaz de criar um aspecto exterior de ordem e de legalidade, no fundo haverá um germinar contínuo e insufocável de revoltas e guerras.

É pois à paz verdadeira, à Paz justa e equilibrada, assente no reconhecimento sincero dos direitos da pessoa humana e da independência de cada nação, que nós convidamos os homens prudentes e corajosos, a dedicar este «Dia».
(...) " (Fonte: Vaticano)