Um dos pecados da economia capitalista reside no apelo ao consumo desregrado e excessivo, que como já se falou aqui várias vezes, leva à exaustão dos recursos naturais, ao desequilíbrio dos ecossistemas, ao "afogamento" da natureza em lixo, e levará, por fim, ao colapso da nossa sociedade.
Para contrariar esta tendência, há dois caminhos que devem ser percorridos em paralelo,: por um lado, a diminuição do consumo, e por outro lado, a procura de um consumo informado, de produtos e serviços que respeitem o ambiente, os animais e a dignidade humana.
Já foi dito que a nossa ação de consumir deixa rastros no planeta, por isso é fundamental consumir com consciência. Entretanto, além da necessidade de aprender a comprar apenas o que realmente será utilizado, é importante também saber fazer escolhas por produtos honestos do ponto de vista socioambiental.
Um exemplo: você já teve a curiosidade de saber de onde veio o sabonete que você usa todos os dias? Como é feita a extração da matéria-prima? E o transporte até a fábrica? Os funcionários são bem remunerados e têm todos os direitos trabalhistas garantidos?
Acredito que a partir de agora nossa tarefa será, cada vez mais, estar atentos aos elos da chamada cadeia de produção do que levamos para casa. Muitas empresas já estão preocupadas em incorporar a sustentabilidade à sua cadeia de produção, mas ainda não é a maioria.
Por isso, a função do consumidor será, cada vez, mais ficar de olho nesse processo. Uma das maneiras é criar o hábito de ler rótulos e embalagens, esmiuçar os sites dos fabricantes, cobrar processos mais limpos utilizando canais de comunicação como o e-mail e os Serviços de Atendimento ao Consumidor (SAC). Outra boa atitude é deixar o produto suspeito na prateleira e escolher outro mais sustentável.
Afinal de contas, não te causa mal estar saber que o
chocolate que você adora foi feito com matéria-prima proveniente de fornecedores que destroem florestas tropicais, como foi denunciado no caso da Nestlé, recentemente? Ou que o seu celular de última geração foi produzido com trabalho semi-escravo?
Sobre esse último caso escrevi aqui no site uma resenha sobre o documentário franco-finlandês A
decent factory (em tradução livre “Uma fábrica decente”), cujo tema principal é a visita de duas especialistas em ética a uma fábrica chinesa fornecedora de carregadores de celulares terceirizada pela Nokia.
As profissionais não gostaram nada do que viram e a empresa acabou por substituir o fornecedor de sua cadeia produtiva. Assim como a própria Nestlé também se prontificou a fazer o mesmo depois que o caso foi parar na imprensa.
Penso que essas preocupações serão uma tendência cada vez maior neste século 21. Ainda bem. Mas é indispensável fazer a nossa parte já que somos um dos elos mais importantes dessa corrente."
No Brasil, está para breve o selo Qualidade Ambiental, que garante que o produto foi fabricado de acordo com cuidados socioambientais em todos os elos da sua cadeia de produção, desde a extracção da matéria-prima até ao fim de vida - reciclagem e descarte. Saibam mais sobre este selo no
post de 25/06/2010, "
O selo dos selos ambientais", do mesmo blogue e do mesmo autor, que acaba assim:
"É, sem dúvida, uma grande notícia e quem sai ganhando somos nós. Só não diminui nossa responsabilidade de estar sempre de olho nos rótulos."
Na Europa existe o "
Ecolabel", que certifica o respeito pelo ambiente do produto ou serviço, também em toda a sua cadeia produtiva (desde a matéria prima à deposição final), mas que julgo não leve em linha de conta os aspectos sociais e de comércio justo.
Deixo também a indicação de um outro texto do site Planeta Sustentável, no tema Desenvolvimento, intitulado
7 sinais de propaganda enganosa, que ajuda a identificar falsos alardes de produtos "
amigos do ambiente", já que não faltam símbolos e selos reclamando os produtos como ecológicos.