quinta-feira, 29 de julho de 2010

A fome

Nós que temos o que comer todos os dias, não imaginamos o que é a fome. No entanto, uma em cada seis pessoas no mundo, não têm alimento suficiente para ter saúde. Cerca de 1020 milhões de pessoas vivem em fome crónica.

Grandes e pequenas organizações e associações tentam minimizar o problema da fome. Haverá corrupção pelo meio e desvio de fundos? Certamente, pois onde há pessoas há falhas, e sempre haverá quem se aproveite da desgraça dos outros. E se não existissem essas instituições que apelam à ajuda de cada um de nós, de empresas, de estados, não seria muito pior a situação? No entanto, o problema da fome, que deveria ser a prioridade n.º 1 de todos os estados, de todos os cidadãos, está longe  de ser resolvido, e continua a agravar-se. E as alterações climáticas ainda pioram o que já é muito mau.

Por isso hoje, deixo aqui um texto retirado do tocante livro "Tudo o que eu tenho trago comigo" de Herta Müller, Prémio Nobel da Literatura 2009, e a premiada curta-metragem "Ilha da Flores", de Jorge Furtado, 1989, que a Fada do Bosque sugeriu e que eu agradeço.

"É estranho, quando a erva começa a tingir-se e há muito se tornou intragável é que é verdadeiramente bela. Deixa-se então ficar quieta na berma da estrada, protegida pela sua beleza. Passou o tempo de comer erva. Mas não a fome, que é sempre maior do que nós próprios. O que é que se pode dizer da fome crónica. Pode-se dizer que há uma fome que te põe doente de fome. Que se vem juntar sempre mais faminta à fome que já se tem. A fome sempre nova, que cresce insaciável e se lança em salto mortal para dentro da fome eternamente velha, a custo dominada. Como é que uma pessoa anda por este mundo, quando sobre si nada mais sabe dizer, a não ser que tem fome. Quando já não consegue pensar noutra coisa. O céu-da-boca é maior que a cabeça, alto e de ouvido aguçado até ao cocuruto do crânio, uma cúpula. Quando já não se aguenta a fome, o céu-da-boca  retesa-se, como se nos tivessem esticado atrás da cara uma pele de lebre recente a secar. As faces murcham e cobrem-se de pálida penugem.Herta Müller, em "Tudo o que eu tenho trago comigo" ("Atemschaukel"), tradução de Aires Graça, Junho 2010, D.Quixote




Se quiser ajudar a minorar a fome, visite a página Ser Solidário e actue. Podemos sempre dizer que mais vale ensinar a pescar do que dar o peixe. Mas não se consegue ensinar aqueles que já morreram de fome a pescar. E será que os que governam o mundo pensam nisto?

sábado, 24 de julho de 2010

Cidades, acessibilidade e inclusão

Se nós os que temos facilidade de locomoção, temos por vezes tantas dificuldades em nos deslocarmos nas cidades,  porque os passeios são estreitos, porque têm buracos, porque há obstáculos, porque os automóveis tomam conta dos espaços dos peões, porque os pavimentos são irregulares, imaginem o difícil que será para quem precisa de se deslocar em cadeira de rodas, para quem leva um carrinho de bebé, ou para quem é invisual!

Não pensar em preparar as cidades para esta minoria de pessoas é propiciar a exclusão.  Não é justo que alguém seja impedido de ir à mercearia, ao café, aos serviços, a casa de um amigo, só porque precisa de se deslocar de forma diferente. Porque a primazia do automóvel, a irregularidade dos pavimentos, a falta de rampas, a existência de obstáculos, a dimensão dos passeios, entre outros factores, impede que muitas e muitas pessoas, já diferentes porque lhe  falta a locomoção normal, sejam excluídas de uma vida normal e social.

Além do mais, esta minoria cresce com o aumento do envelhecimento da população, e qualquer um de nós está sujeito a assim ser rejeitado pela cidade. Porque qualquer um de nós pode ter um acidente por uma doença e ficar incapacitado de andar normalmente temporária ou permanentemente. Porque qualquer um de nós pode ficar mais velho e com mais dificuldade em se locomover.

A lei sobre acessibilidade já existe em Portugal desde 1997 (decreto-lei 123/97), e foi actualizada em 2006 (Decreto-lei 163/2006). Aplica-se a espaços públicos e edifícios públicos e privados, novos, agora também a habitação. Os edifícios públicos e espaços circundantes preexistentes  tinham 7 anos para se adaptar em 1997. Em 2006 passaram a ter 10 anos.

É importante que o estado e as autarquias façam o seu papel adaptando as e melhorando a acessibilidade e a mobilidade das pessoas com mobilidade reduzida, e fiscalizando.

Mas também é importante que todas as pessoas tomem consciência das necessidades especiais de algumas pessoas, não obstruindo passeios, não usurpando lugares de estacionamento próprios para deficientes motores, estando atentos e denunciando situações insustentáveis e abusos.

O primeiro vídeo a seguir é uma excelente demonstração do que é viver num mundo que não foi feito para nós. Os dois que se seguem são uma abordagem em teatro de revista, com a excelente representação de Marina Mota (e que agradeço ao Félix Correia que mos enviou) [entretanto foram retirados do Youtube, pelo que também os removi].

Vejam e oiçam. Abram os olhos, os ouvidos e o coração.  Porque as cidades são de todos e para todos. E nós somos uns para os outros.



segunda-feira, 19 de julho de 2010

Não desista de Portugal

Encontrei este texto chamado "Não desista do Brasil" de Robson Fernando no blogue parceiro Arauto da Consciência. Indo de encontro ao que eu penso e ao cansaço de um ano de trabalho que me deixou sem inspiração, e sendo um texto óptimo para deixar como reflexão enquanto faço uma pausa para descansar, não podia deixar de aproveitar a oportunidade de o deixar aqui, quase integral.

E basta substituir "Brasil" por "Portugal" ou "brasileiros" por portugueses", que o texto se adapta como uma luva ao meu país.  É um pouco comprido, mas vale bem a pena ler até ao fim!

«Não desista do Brasil   
por Robson Fernando

Esta mensagem é para você que, vendo tantos problemas sociais e políticos no Brasil e sem saber se há solução para eles, afirma que gostaria muito de ir embora e morar num país menos problemático. Para você que afirma algo como “O Brasil não tem mais jeito. Não dá para viver direito aqui. Quero fugir pra um outro país e viver mais dignamente.”

Diante de um cenário de violência em alta, distribuição indecente de renda, corrupção, promessas eleitorais descumpridas, ensino público caindo aos pedaços etc., realmente é sedutora a imagem de morar no Canadá, ou na Inglaterra, ou na Austrália, ou na Alemanha... longe do caos sociopolítico que nos tem como cativos. Mas pergunto: será que isso realmente é o melhor a se fazer?

Penso que o que faria uma pessoa voltar atrás de sua vontade emigratória seria que o Brasil se tornasse uma nação livre de tantos problemas, ou pelo menos com esses defeitos em um grau muito menor. Creio que você esteja concordando comigo. Mas como você espera que isso aconteça, se um número insuficiente de pessoas se engaja em tentar consertar nosso país?

De fato vemos, de um lado, governos que não cumprem o papel de trabalhar pelo povo, de assegurar o cumprimento e respeito dos direitos sociais que temos. Governos ocupados por pessoas que buscam interesses próprios, não o bem comum, e para isso promovem atos de negligência social, corrupção e atendimento de lobbies escusos.

Do outro, há um povo dormindo em berço esplêndido, esquecendo o que nossa Constituição diz sobre a cidadania ser fundamento da República brasileira e todo o poder emanar do povo. Uma população que não tem como costume exigir justiça social dos governantes, ou protestar contra quem lhe faz mal, preferindo aceitar o estado de coisas enquanto ele não se torna absolutamente insuportável. Há exceções, gente que faz valer seu atributo de cidadãos, mas ainda assim é muito pouca para melhorar substancialmente o Brasil.
Pergunto a você: quem te inspira mais? Aqueles que manifestam o desejo de se mudar para o exterior e esquecer os problemas de seu país de origem, ou os que trabalham duro e fomentam diariamente a esperança, a qual de tempos em tempos aflora em você e em outras pessoas, pelas mudanças de que a nação precisa? Quem dá mais motivos de apreciação? Cabe a você refletir.

Ir embora para outra nação por desistência da terra natal pode ser reconfortante, o El Dorado para quem tem condições de emigrar e construir uma vida lá fora. Mas fará mal para as pessoas que são deixadas para trás. Quando tomamos tal atitude, estamos demonstrando que não nos importamos com as pessoas que convivem conosco no nosso bairro, cidade, estado e país. Estamos mostrando, mesmo que não pensemos explicitamente assim, que não damos a mínima para o nosso próximo. Terminamos dando a ideia de que queremos mais que o Brasil e quem vive nele afundem longe de nós, com todos os seus problemas ditos insolúveis.

É de se pensar: se cem mil brasileiros, em vez de se manterem conformados ou se autoexilarem por desalento social, começassem a exercer seus potenciais com espírito de cidadão, fariam toda a diferença, mesmo nacionalmente. Nossa sociedade já se tornaria bem mais politizada do que é hoje, teria muito mais poder para reivindicar justiça social e até melhorar a vida de conterrâneos pelo voluntariado. A que população você preferiria pertencer? À de quem desligou todas as possibilidades de agir pelo bem do seu país por se exilar, ou à dos cem mil que transformaram sua indignação concentrada em cidadania ativa?

É de se considerar também que, em vários momentos da História mundial, muitas pessoas preferiram não só manter o apego fiel ao seu país e sociedade como também forçar melhorias no lugar onde viviam. Em vez de dizer “Eu queria muito ir embora daqui porque aqui não tem mais jeito”, disseram “Aqui é cheio de problemas, mas nós vamos fazer com que os resolvam”. Preferiram consertar a barca a abandoná-la furada.
(...)

É de se pensar também: esses países que os brasileiros vislumbram como um lar muito melhor do que o Brasil só se tornaram lugares dignos justamente porque seus cidadãos antepassados ou contemporâneos, em vez de pensar conformisticamente ou buscar autoexílio, lutaram pela dignidade, pelo direito de viver com decência. Não fossem essas lutas cidadãs, a tão desejada Europa ainda hoje estaria com sua população assalariada em situação de penúria e exploração; diversos países europeus e americanos ainda estariam sob jugo de ditaduras sangrentas; o Canadá e a Austrália seriam apenas colônias oprimidas da Grã-Bretanha, não países soberanos e livres – ainda que tendo mesmo hoje a rainha britânica como chefe de Estado.

Você então passa a querer perguntar a mim: “Como é que nós vamos resolver alguma coisa? Como vamos consertar esse país tão falho?”. O melhor a fazer é você começar a mudar o país iniciando o processo por VOCÊ MESMO. Desapegue-se aos poucos do costume de ver a programação fútil da televisão, que te induz à alienação e ao conformismo. Leia livros que te ensinem a compreender nossa realidade socioeconômica e política de uma forma diferente da que a TV nos induz a enxergar.

Em vez de sempre falar sobre as banalidades do dia-a-dia, sobre dinheiro, novelas, carros, música, celebridades etc., reserve um pouco de seu tempo para conversar com quem entende de política e sociedade. Procure também conhecer o trabalho de ONGs cidadãs, que atuam contra a violência, a corrupção, a miséria etc. e/ou a favor dos direitos humanos, do meio ambiente, dos animais, da educação, da democracia... Você poderá se interessar por alguma(s) e aderir a ela(s) como sócio ativo ou mensalista.

Dedique pelo menos um dia por quinzena para usar suas habilidades de trabalho para atividades de cidadania. Se você é webdesigner, crie voluntariamente um site para uma ONG ou um layout para um blog ciberativista. Se você é pintor, pinte cartazes de protesto contra algum mal que esteja prejudicando a sociedade, faça uma cotinha para imprimir cópias e distribua para as pessoas nos ônibus ou na rua. Se você trabalha escrevendo, escreva textos direcionados à conscientização das pessoas, os quais podem ser xerocados e distribuídos nas ruas, nas escolas e faculdades, no trabalho, na vizinhança... Se você tem alguma outra habilidade profissional, pense direitinho e procure saber como utilizá-la pelo bem comum.

Se você deseja um país melhor, precisa começar a mudá-lo de dentro para fora, a partir de você mesmo. Quanto mais pessoas assimilam a atitude de mudar o estado de coisas nesse sentido, maior é a população disposta a lutar pela cobrança de mudanças. Maior é a quantidade de gente suficientemente consciente para se habilitar a aderir a manifestações – não obrigatoriamente insurretas e violentas – em prol de forçar o poder público a se adequar a nossas necessidades e direitos. (...)»

sábado, 17 de julho de 2010

Colóquio da Transição 4 - Sociologia e Energia

Este é o quarto vídeo do colóquio "Transição para uma economia e cultura pós-carbono", do passado dia 10 de Abril de 2010 em Pombal, com a apresentação da Doutora Luísa Schmidt, doutorada em Sociologia do Ambiente. Inserida no painel "LIMITES AO CRESCIMENTO, SITUAÇÃO ENERGÉTICA E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS" a apresentação relacionou Sociologia, Ambiente, Energia, e Media.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Até que enfim uma boa notícia sobre transgénicos!

Já que por aqui tenho dado tantas más notícias no que respeita aos alimentos geneticamente modificados e transgénicos, não podia deixar passar em branco esta boa notícia, que pode ler em TVI24

"Portugal votará contra introdução de arroz transgénico na UE    -   Ministro da Agricultura diz que o produto «em muitas análises mostrou algumas fragilidades» e que concorre directamente com variedades portuguesas"

terça-feira, 13 de julho de 2010

Coberturas ajardinadas

As coberturas ajardinadas, que já apareceram em projectos de vanguarda de edifícios há uns bons anos, finalmente começam a surgir em quantidade e com qualidade, e não só em coberturas planas, de modo a implicarem uma redução significativa no impacto ambiental das construções. Como exemplo, espreitem o caso de Copenhaga no blogue parceiro da Ana "Um blog pelo ambiente", ou o exemplo do vídeo abaixo, no Bronx, Nova Iorque.

Através da revista digital Projectarcasa, onde tem um artigo sobre coberturas ajardinadas, do qual transcrevo abaixo uma parte, descobri uma empresa na zona do Grande Porto dedicada a este tipo de coberturas, a Neoturf, que oferece 10 anos de garantia. Em breve passarei por lá, pois para que  as coberturas ajardinadas  funcionem, devem ser projectadas e aplicadas por especialistas, não  é tarefa que se aconselhe a amadores. E depois dos jardins, virão as hortas nos telhados, ainda mais sustentáveis.

"As coberturas ajardinadas têm vindo a assumir um importante papel no desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade nas cidades modernas, devido aos inúmeros benefícios que promovem. Deveremos destacar alguns desses benefícios:
  • Capacidade de isolamento térmico: diminuição de 8% do consumo de energia eléctrica destinada ao ar condicionado dos edifícios;
  • Diminuição do impacto negativo das estruturas construídas em meio urbano;
  • Aumento da atividade fotossintética que implica:aumento na produção de oxigénio, maior reciclagem de dióxido de carbono e redução no efeito de estufa das cidades;
  • importante papel na integridade e sustentabilidade dos sistemas de drenagem urbanos;
  • Capacidade de retenção de água reduzindo os riscos de inundações;
  • Aumento de biodiversidade e dos nichos ecológicos;
  • Redução do efeito "ilha de calor"
  • Absorção/ Redução da poluição sonora;
  • Absorção/ Filtragem de gases poluentes e de partículas em suspensão na atmosfera.
(Fontes:  Projectarcasa, Neoturf)

domingo, 11 de julho de 2010

Zmar - turismo sustentável no Alentejo

Em Zambujeira do Mar, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano, o Eco-camping Zmar demonstra como o turismo pode ser sustentável, e como se pode até aproveitar umas férias para adquirir conhecimentos e hábitos mais ecológicos. Trata-se de um "resort" de campismo 5 estrelas. A construção é sustentável, em madeira, com painéis solares e aproveitamento de água; as ruas não são pavimentadas; o comércio aposta nos produtos locais.
Veja a reportagem da RTP no vídeoa abaixo incorporado para ficar a conhecer melhor o conceito e o empreendimento.
"Classificado como parque de campismo, o Zmar veio, no entanto, alterar o conceito de acampar em Portugal. O Eco Camping para além da possibilidade de desfrutar de momentos naturalmente ecológicos, oferece ainda diversos serviços dignos de um resort. O alojamento é composto por uma zona com 33 chalets, 48 alojamentos de hotelmóvel, 3 Zvillas e um parque com capacidade para 288 caravanas. Os chalets e as Zvillas têm capacidade para seis pessoas e são construídos em madeira. Já os hoteismóveis têm uma capacidade máxima de dois adultos e uma criança." (Fonte: escape by Expresso - Boa Cama)

O Zmar Eco Campo Resort & SPA tem um site na internet onde pode fazer as reservas, uma página no Facebook, onde pode dialogar com  eles e onde fui buscar as fotos que aqui estão.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Colóquio da Transição 3 - Situação Energética

Chegou a vez de aqui deixar o terceiro vídeo do colóquio "Transição para uma economia e cultura pós-carbono", do passado dia 10 de Abril de 2010 em Pombal, com a apresentação do tema "Situação Energética", pelo Eng. Luís de Sousa, um dos redactores do blogue "The Oil Drum". Assistam e percebam uma das grandes razões da crise: a excessiva dependência do petróleo.


Colóquio da Transição 3 Situação Energética from João on Vimeo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Avião solar também voa de noite

"O avião «Solar Impulse», que só funciona com energia solar, aterrou hoje de manhã depois de um voo experimental de 26 horas sem percalços, abrindo a via para a realização de uma volta ao mundo prevista para 2013.

O «Solar Impulse», imaginado pelo explorador suíço Bertrand Piccard, aterrou hoje na pista da base militar de Payerne, no oeste da Suíça, comandado pelo piloto e co-fundador do projeto, André Borschberg, e foi recebido com aplausos por uma centena de espetadores.

O avião, cujas asas estão cobertas por 12 mil células fotovoltaicas que alimentam os quatros motores elétricos, tinha descolado na quarta feira da pista da base militar de Payerne e realizou parte do voo de noite, numa viagem inédita para o aparelho e para a equipa."

Veja o resto da notícia na fonte, em  i online

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Petição europeia contra o uso excessivo de embalagens

Se você acha que se está a usar demasiado material de embalagem, quantas vezes absolutamente desnecessário,assine esta petição. Eu não acho... tenho a certeza. Basta olhar para o carrinho de compras quando vamos ao supermercado! O texto da petição abaixo é um "arranjo" à tradução para português que consta no respectivo site. Clique aqui no título a seguir para assinar a petição.


"Petição ao Parlamento Europeu contra o excesso de embalagem

Nós cidadãos europeus e habitantes da União Europeia,
Consideramos que o crescente aumento de sobre-embalagem, ou seja do conjunto das embalagens claramente sobre-dimensionadas com o objectivo único de assegurar o desenvolvimento da venda dos produtos contidos vai contra o princípio de crescimento sustentável e respeitador do ambiente, claramente expresso no tratado da União Europeia.

Consideramos que a redução do lixo e a protecção do ambiente necessitam medidas que limitem a embalagem excessiva, que a investigação sobre embalagens ecológicas ou o desenvolvimento de processos de valorização dos resíduos de embalagem não é suficiente, que só uma redução da produção inicial de lixo permitirá limitar o impacto dos nossos produtos de consumo sobre o ambiente.
Consideramos que a ausência de função própria ou de contribuição dum elemento da embalagem para a protecção do produto, a conservação, o transporte, ou a sua armazenagem justifica que seja suprimido.

Porque a embalagem dum produto pode representar 80% do peso total do produto e constituir até 65% do seu custo, a redução das embalagens deve permitir a cada consumidor uma consequente diminuição do volume de lixo produzido e a realização das economias correspondentes.

Tendo em conta que o direito da União Europeia e em particular a directiva europeia 94/62 não propõem critérios para limitar a existência no mercado de embalagens, pedimos às instituições europeias que tomem medidas no sentido de impor aos industriais a limitação das embalagens.

A presente petição pede medidas que limitem a embalagem, em peso e em volume às mais estritas exigências de segurança e de higiene para os produtos."

Veja mais sobre este tema no blogue Pimenta Negra.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Abuela Grillo - A natureza é de todos, não de alguns!

Algumas corporações, dirigidas por gente sem escrúpulos, arvoram-se donas de bens que são de todos e apropriam-se do essencial com base não sei em que direito, que a mim antes me parece muito torto. Através do dinheiro e com o fito no dinheiro, compram a moral e a honra dos que o servem para prejudicar populações inteiras, a quem, o "direito" público se esquece de defender e para quem a justiça dos homens se mostra incapaz.

Assim é com o uso dos oceanos, assim é com a atmosfera, que poluem sem ter em consideração que é de todos, assim é com a biodiversidade e as riquezas naturais por esse mundo fora.

Esta excelente animação "Abuela Grillo", baseada numa fábula Ayorea, ajuda-nos a compreender esta triste realidade do nosso mundo. Produzida por um grupo de animadores bolivianos na "The Animation Workshop", em Viborg, Dinamarca. Não deixe de a ver e reflectir.



Um dos exemplos mais estúpidos que a sociedade está a ver e a deixar acontecer é o registo de patentes do que existe na natureza, inclusive espécies vivas como microorganismos, como cereais ou outras plantas, e parece que a Monsanto até animais parece conseguir patentear. E nós assistimos a isto tudo de braços cruzados? Como é possível ignorar semelhante ROUBO e IMORALIDADE? Como é possível a lei dos homens permitir uma aberração desta?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Leonardo Boff - Um design ecológico para a democracia

Nada como começar o mês de Julho com um texto de Leonardo Boff, que encontrei no blogue parceiro Minha Casa Meu Mundo da minha amiga Liete Alves do outro lado do oceano. Aqui vai:

"Um design ecológico para a democracia

A democracia é seguramente o ideal mais alto que a convivência social historicamente elaborou. O princípio que subjaz à democracia é este:" o que interessa a todos, deve poder ser pensado e decidido por todos".

Ela tem muitas formas, a direta. como é vivida na Suiça, na qual a população toda participa nas decisões via plebiscito.

A representativa, na qual as sociedades mais complexas elegem delegados que, em nome de todos, discutem e tomam decisões. A grande questão atual é que a democracia representativa se mostra incapaz de recolher as forças vivas de uma sociedade complexa, com seus movimentos sociais. Em sociedades de grande desigualdade social, como no Brasil, a democracia representativa assume características de irrealidade, quando não de farsa. A cada quatro ou cinco anos, os cidadãos têm a possibilidade de escolher o seu "ditador" que, uma vez eleito, faz mais a política palaciana do que estabelece uma relação orgânica com as forças sociais.

Há a democracia participativa que significa uma avanço face à representativa. Forças organizadas, como os grandes sindicatos, os movimentos sociais por terra, teto, saúde, educação, direitos humanos, ambientalistas e outros cresceram de tal maneira que se constituiram como base da democracia participativa: o Estado obriga-se a ouvir e a discutir com tais forças as decisões a tomar. Ela está se impondo por todas as partes especialmente na América Latina.

Há ainda a democracia comunitária que é singular dos povos originários da América Latina e pouco conhecida e reconhecida pelos analistas. Ela nasce da estruturação comunitária das culturas originárias, do norte até o sul de Abya Yala, nome indígena para a América Latina. Ela busca realizar o "bem viver" que não é o nosso "viver melhor" que implica que muitos vivam pior. O "bem viver" é a busca permanente do equilíbrio mediante a participação de todos, equilíbrio entre homem e mulher, entre ser humano e natureza, equilíbrio entre a produção e o consumo na perspectiva de uma economia do suficiente e do decente e não da acumulação. O "bem viver" implica uma superação do antropocentrismo: não é só uma harmonia entre os humanos mas com as energias da Terra, do Sol, das montanhas, das águas, das florestas e com Deus. Trata-se de uma democracia sociocósmica, onde todos os elementos são considerados portadores de vida e por isso incluidos na comunidade e com seus direitos respeitados.

Por fim estamos caminhando rumo a uma superdemocracia planetária. Alguns analistas como Jacques Attalli (Uma breve historia do futuro, 2008) imaginam que ela será a alternativa salvadora face a um superconflito que poderá, deixado em livre curso, destruir a humanidade. Esta superdemocracia resultará de uma consciência planetária coletiva que se dá conta da unicidade da família humana e de que o planeta Terra, pequeno, com recursos escassos, superpovoado e ameaçado pelas mudanças climáticas obrigará os povos a estabelecer estratégias e políticas globais para garantir a vida de todos e as condições ecológicas da Terra.

Esta superdemocracia planetária não anula as várias tradições democráticas, fazendo-as complementares. Isso se alcança melhor mediante o bioregionalismo. Trata-se de um novo design ecológico, quer dizer, uma outra forma de organizar a relação com a natureza, a partir dos ecossistemas regionais. Ao contrário da globalização uniformizadora, ele valoriza as diferenças e respeita as singulariedades das bioregiões, com sua cultura local, tornando mais fácil o respeito aos ciclos da natureza e a harmonia com a mãe Terra.

Temos que rezar para que este tipo de democracia triunfe senão ignoramos totalmente para onde seremos levados."