terça-feira, 29 de março de 2011

Sementes de privação ou a destruição do jardim do paraíso

O texto abaixo transcrito é de parte de um capítulo de um livro escrito há cerca de 20 anos. De lá para cá, todos os problemas graves para que o autor alertou, pioraram, e muito. De facto, continua-se a destruir o jardim do paraíso, extinguindo, em aceleração contínua, cada vez mais espécies e variedades de vida.   
Numa altura em que é urgente e importante restabelecer a biodiversidade alimentar perdida ou em riscos de se perder definitivamente, a Comissão Europeia pretende restringir o comércio de variedades de sementes (ver em Zona Livre de OGM), passando a só poder ser comercializadas (pagando licença) as espécies e variedades que as grandes empresas abusivamente patentearam. Uma Comissão Europeia que assim age na defesa dos interesses de certas empresas contra a natureza e contra a humanidade, ou é ignorante ou é vendida. É preciso que isto se saiba! 

Ajude na luta contra a privatização das sementes! Assine e divulgue a petição lançada pela Campanha Europeia pelas Sementes Livres.

"Sementes de privação

Não há nada que nos ligue mais profundamente à Terra - aos seus rios e terrenos e às suas épocas de abundância - do que os alimentos. São eles que nos recordam diariamente a nossa ligação ao milagre da vida. Portanto, não é de admirar que a maior parte das religiões do mundo exijam a consagração dos alimentos antes de transformarem no sustento da vida.
Mas quantas pessoas sentem ainda essa ligação? A maioria de nós já não produz aquilo que come, confiando antes num enorme e complexo sistema que coloca uma surpreendente variedade de alimentos de todos os cantos do mundo nos supermercados.
(...)
A história da agricultura está intimamente ligada à história da humanidade. Cada aumento do tamanho dos povoamento foi acompanhado de uma sofisticação do esforço cooperativo para produzir, armazenar  e distribuir quantidades de alimentos cada vez maiores.
(...)
Contudo, o sistema global que produz as enormes colheitas hoje necessárias enfrenta uma verdadeira ameaça estratégica. Malthus preocupava-se com o abastecimento de alimentos; hoje devíamos preocuparmo-nos ainda mais com o abastecimento de sementes. Cada semente (e cada planta) transporta aquilo a que se chama idioplasma; contém não apenas genes mas todas as qualidades especiais que controlam a herança, definem o modo como os genes funcionam e fixam padrões através dos quais se combinam e expressam as suas características - nas palavras de Steve Witt, «a matéria da vida». Mas a saúde futura do abastecimento de alimentos depende de uma grande variedade deste material insubstituível e hoje arriscamo-nos a destruir o idioplasma que é essencial à viabilidade constante das colheitas. A resistência genética das colheitas à destruição maciça por doenças, pragas e alterações climáticas é crucial a qualquer abastecimento alimentar.
(...)
Na verdade, as fontes primitivas de todas as nossas colheita principais estão a ser sistematicamente destruídas. Os agrónomos só agora estão a compreender este perigo;
(...)
A biotecnologia está, sem dúvida, a criar novas variedades de culturas de características impressionantes, como uniformidade, alta produtividade e até resistência natural a doenças e pragas. Mas temos estado cegos a uma dura verdade: as novas variedades de culturas que criamos nos laboratórios tornam-se rapidamente vulneráveis aos seus inimigos naturais, que evoluem rapidamente, por vezes após algumas estações. Embora a sua resistência genética seja reforçada com novos genes, que se juntam às variedades comerciais de tempos a tempos, muitos dos genes próprios para reabastecer a vitalidade das culturas apenas existem na natureza primitiva.
(...)
O que é inquietante nestas evoluções não é o envolvimento de companhias multinacionais de produtos químicos em si. Estas têm capacidade empresarial, recursos e outras capacidades que poderão ser úteis para enfrentar alguns problemas estratégicos que afectam o sistema alimentar mundiasl. Contudo, as estratégias que algumas companhias seguem neste momento reflectem o pressuposto de que somos suficientemente inteligentes para dirigir o percurso evolucionário de importantes plantas e obter benefícios a curto prazo, sem pagar um altíssimo preço a longo prazo.
Mas não somos assim tão inteligentes, nem nunca o fomos. Na realidade, a agricultura continua assombrada por acordos faustianos, feitos quando se introduziram tecnologias mais antigas, muitas das quais menos sofisticadas do que a moderna engenharia genética. Veja-se o exemplo dos pesticidas: não matam só pragas prejudiciais, também matam muitas que são benéficas, destruindo assim o padrão natural de um ecossistema e fazendo mais mal que bem. O ecologista Amory Lovins conta uma história especialmente inquietante de como se usou na Indonésia um pesticida muito forte para matar os mosquitos que espalhavam a malária; a pulverização matou também as minúsculas vespas que controlavam a população de insectos nos telhados de colmo das casas. Passado pouco tempo, os telhados ruíram. Entretanto, milhares de gatos morreram igualmente, envenenados pelo pesticida e, depois da sua morte, a população de ratazanas, por sua vez, trouxe uma epidemia de peste bubónica.
Mesmo sem efeitos colaterais catastróficos, as pragas prejudiciais desenvolvem frequentemente imunidades com muita rapidez, o que encoraja os agricultores a usar doses maiores de pesticida. E os escoamentos agrícolas levam os resíduos para os reservatórios de água subterrânea e para os ribeiros, de onde passam os pássaros e peixes. Estes perigos não são novos: Silent Spring, o livro de Rachel Carson que marcou uma época, avisava eloquentemente a América e o mundo em 1962 dos perigos que os pássaros migratórios e outros elementos do ambiente natural corriam devido aos escoamentos agrícolas.
(...)
Os métodos de cultivo modernos não são, porém, a única fonte de abuso do sistema global. O abuso das pastagens é uma importante causa de desertificação, assim como a recolha de lenha para cozinhar os alimentos por parte de uma população em crescimento. A manipulação genética de animais, que ainda não está tão desenvolvida como nas plantas, começa, no entanto, a provocar preocupações semelhantes, bem assim como o uso de hormonas artificiais no gado.
Particularmente alarmante é o número de provas de que estamos a esgotar muitos dos pesqueiros mais importantes do mundo: desde 1950 a quantidade total de pescado a nível mundial aumentou 500% e parte-se do princípio de que é mais elevado do que o ritmo de reposição, na maior parte das áreas. E está a desaparecer completamente um número cada vez maior de espécies valiosas do ponto de vista alimentar. O uso de redes de arrasto de malha fina com mais de cinquenta quilómetros de comprimento, que limpam os oceanos, provocou recentemente -  e com toda a justeza - grandes protestos públicos; mesmo sem redes de arrasto, as frotas pesqueiras estão a fazer um assalto geral à produtividade dos oceanos em todo o mundo.
(...)
Mas a ameaça estratégica isolada mais séria ao sistema alimentar mundial é a da erosão genética: a perda de idioplasma e vulnerabilidade cada vez maior das culturas alimentares em relação aos seus inimigos naturais. Ironicamente, esta perda de resistência e flexibilidade genética ocorre precisamente no momento em que os que acreditam que podemos adaptarmo-nos ao aquecimento global também defendem que podemos conceber novas plantas que se desenvolverão nas imprevisíveis condições que estamos a criar. Mas os cientistas nunca criaram um novo gene. Limitam-se a recombinar genes que se encontram na natureza e é este fornecimento de genes que está hoje tão ameaçado.

A nossa incapacidade de fornecer protecção adequada à reserva alimentar do mundo é, na minha opinião, simplesmente mais uma manifestação do mesmo erro filosófico que levou à crise ambiental global no seu todo: partimos do princípio de que as nossas vidas não necessitam de uma ligação real ao mundo natural, de que o nosso espírito está separado do corpo, e de que, quais intelectos sem corpo, podemos manipular o mundo da forma que quisermos. Exactamente porque não sentimos qualquer ligação ao mundo físico, minimizamos as consequências das nossas acções. E porque esta ligação parece abstracta, só com muita lentidão compreendemos o que significa destruir as partes do ambiente que são vitais à nossa sobrevivência. Na verdade, estamos a destruir o Jardim do Paraíso."

Extraído do capítulo "Sementes de Privação" do livro "A Terra à procura de Equilíbrio, ecologia e espírito humano" , Al Gore, 1992 ("Earth in Balance"), Editorial Presença, 1993, tradução de Isabel Nunes
 (Nota: o negrito é meu; as imagens foram obtidas na internet)

domingo, 27 de março de 2011

Carros movidos a ar comprimido

Com uma rede de pontos de abastecimento de energia eléctrica para veículos (mobi.e) a ser implementada a todo o vapor, praticamente não se ouve falar de outros veículos eléctricos que não o Nissan Leaf, um carro muito caro em comparação com os tradicionais de combustão. Mas há algumas alternativas mesmo cá em Portugal, como já falei aqui, embora ainda sejam poucas.

Entretanto, noutros países, como na Índia, já circulam carros movidos a ar comprimido. Na realidade, a energia que os alimenta é a energia eléctrica usada para comprimir o ar. Mas em vez de me estender no assunto, sugiro que vejam a seguinte reportagem, que achei excelente e esclarecedora:





Uma vantagem óbvia dos carros movidos a ar comprimido em relação aos carros eléctricos é a muito menor necessidade de baterias, mas como desvantagem não são tão silenciosos. Mesmo assim, fazem menos ruído que um tradicional motor de combustão. Em termos de poluição atmosférica, não há emissão de poluentes, tal como nos eléctricos.

Os veículos criados pela MDI, projectados pelo anterior engenheiro de Fórmula 1 Guy Nègre, já estão prontos a ser comercializados desde 2003. Mas não faço a mínima ideia quando chegarão ao mercado português. Se alguém souber, agradeço que avise.

Saiba como funcionam (e mais informações) no blogue Carro movido a Ar Comprimido ou nos sites de Guy Nègre ou da MDI.  Leia também notícias sobre o tema nas revista Meio Ambiente ou Eco21, ou no blogue Acordem.com.

E, já agora, uma notícia sobre moto movida a ar comprimida, para breve no Brasil.

sábado, 26 de março de 2011

Discurso de Marinho Pinto e os podres na nação

Fiquem com as palavras do Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Marinho Pinto na abertura oficial do ano judicial, no passado dia 16 de Março. Como já é seu hábito, Marinho Pinto diz alto e bom som aquilo que todos sabemos mas que a maioria dos políticos finge não saber.

A não perder!

"As nossas elites falharam! ... Perante o confrangedor aumento da pobreza de uns e a escandalosa acumulação de riqueza de outros, fica-nos a ideia que as nossas elites, ou partes delas, procederam a um verdadeiro saque do Estado e dos recursos públicos do país!" Marinho Pinto

sexta-feira, 25 de março de 2011

Hora do Planeta 2011 - dia 26 de Março às 20:30

A Hora do Planeta 2011 ocorre sábado, dia 26 de Março, às 20:30. Uma hora com as luzes desligadas é apenas um acto simbólico, mas é também um mote para a reflexão sobre a necessidade de mudar comportamentos e começar ou continuar a reduzir consumos. Vá para além da hora. Pelo planeta, mas sobretudo, pelas gerações presentes e futuras. 



"Em 2010, e após três anos de edição, a Hora do Planeta obteve a maior participação voluntária de sempre. Atingiu um recorde de 128 países e territórios, dos quais 24 cidades e duas vilas portuguesas, que se juntaram nesta exibição global a favor do planeta.
Edifícios e monumentos icónicos de todo o mundo (da Ásia ao Pacífico passando pela Europa e África e ainda Américas) ficaram às escuras para iluminar esta ideia. Pessoas de todo o mundo e de todas as esferas da vida social desligaram em uníssono as luzes e uniram-se nesta celebração e contemplação da única coisa que temos em comum: o Planeta Terra.
Portugal junta-se pelo terceiro ano consecutivo a este movimento, que este ano desafia todos a um compromisso que “Vá Além Desta Hora Na Luta Contra as Alterações Climáticas”, apelando a que, quando as luzes forem novamente acesas, reflicta sobre o que pode fazer para ajudar a marcar a diferença.

HORA DO PLANETA 2011
Sábado, 26 de Março

Apague as luzes e ilumine esta ideia por um Planeta Vivo.
Vá além desta hora na luta contra as alterações climáticas!"

(Fonte: WWF Portugal)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Vote no Combate à Corrupção pela Informação e Educação

Micael Sousa é um jovem de Leiria empenhado em fazer alguma coisa neste país contra a corrupção, responsável pelo Movimento ANTI-Corrupção e pelo lançamento da petição online Combate à corrupção através da consciencialização, informação, formação e educação.

Recentemente, e em conjunto com Patrícia Figueiredo, concorreu ao concurso movimentomilenio.com, na categoria DEMOCRACIA, com a proposta Combate à Corrupção pela Informação e Educação, formulada através do vídeo abaixo. 

Se quer dar um sinal  vermelho à corrupção, ajude o Micael a ganhar este concurso e vote na sua proposta.  Todos poderão votar uma vez por dia no projecto do Movimento Anti-corrupção do concurso do movimentomilenio.com. Para isso basta aceder ao link e clicar na caixa vermelha do canto superior direito.

Parabéns Micael. Eu já votei aqui hoje!                          Vote também aqui!

terça-feira, 22 de março de 2011

Dia Mundial da Água 2011 - "O Poço de Ryan"

Hoje é o Dia Mundial da Água, e para comemorar escolhi contar a história de um menino canadiano  e 6 anos que não se conformou com a morte de tanta gente em África por falta de água potável.  Um exemplo de como a atitude e persistência de uma criança pode mudar a vida a meio milhão de pessoa. É a história de Ryan Hreljac, hoje com quase 20 anos.


Ryan Hreljac nasceu no Ontário, no Canadá, em 1991.
Quando tinha 6 anos, uma conversa com a professora da escola primária mudou-lhe a vida. Ela falou na aula das pessoas pobres de África. Contou, entre outras coisas, como elas passam por grandes dificuldades para disporem de água potável e terem acesso a poços. Acrescentou ainda a professora que, sem água potável, as pessoas, e especialmente as crianças, podem ficar doentes e, até, morrer.

Ryan Hreljac, apesar de ter 6 anos e muita vontade de brincar, naquele dia ia a caminho de casa a pensar. Passava em frente de um fontanário em que a água estava horas e horas, sem parar, a correr. E, lá na África, as crianças da sua idade tinham de andar quilómetros e quilómetros, durante horas, para levar uns cinco litros de água para casa. Foi ter com a mãe e disse-lhe:
– Mãe, quero comprar um poço de água para as crianças de África. A professora disse que custava 70 dólares.
Mas a mãe não lhe deu o dinheiro sem mais. Combinou com o filho que ele fazia algumas tarefas em casa e que receberia por isso. Quando juntou os 70 dólares, Ryan foi com a mãe à sede da WaterCan, uma ONG que perfura poos em África. Ao ser atendido, ele recebeu uma novidade que podia tê-lo assustado: abrir um poço não custava 70 dólares, mas dois mil dólares. E a mãe também lhe disse:
– Filho, não posso dar-te todo esse dinheiro, nem que limpasses a casa toda a vida.
Mas o pequeno Ryan não se rendeu. E prometeu ao senhor que os atendia:
– Vou voltar!

Ryan Hreljac animou os irmãos, vizinhos e amigos a trabalhar como ele. Com horas de trabalho e venda de produtos, entre todos, conseguiram juntar 700 dólares. E Ryan foi ter com a WaterCan triunfal. E a ONG canadiana comprometeu-se a juntar o que faltava.

Em 1999, a WaterCan abriu o poço financiado por Ryan Hreljac, os seus irmãos, vizinhos e amigos, numa aldeia do Norte do Uganda. A água começou a jorrar perto da escola primária de Angolo.
Nesse mesmo ano, Ryan Hreljac criou a fundação Ryan’s Well (o Poço de Ryan). Desde então já permitiu a mais de quinhentas mil pessoas terem acesso a água potável.

Agora com 19 anos, Ryan continua a recolher fundos e a viajar por todo o mundo solicitando apoios.
Ele diz que, a partir o momento em que começou a fazer algo pelas crianças de África, entendeu a razão de ter nascido:
– Esta experiência ajudou-me muito. Aprendi que somos todos iguais. Aprendi que as crianças precisam de certas coisas para viverem com saúde e felizes, independentemente do lugar onde vivem. Precisam de alimentos suficientes para comer e de água para sobreviver. Precisam de ter condições para ir às aulas e oportunidades para brincar e divertir-se. Robustos e bem preparados, também eles poderão ajudar a Humanidade inteira.

E, de facto, foi o que aconteceu com os alunos e restante pessoal da escola primária de Angolo, no Uganda. Decidiram que também eles podiam partilhar algo. E, voluntariamente, durante cinco dias, no horário pós-escolar, vão ajudar os idosos e os doentes com sida.
Há crianças que lhe perguntam o que podem partilhar, se têm apenas o mínimo. E Ryan responde com a sabedoria que aprendeu da atitude da mãe quando ele tinha 6 anos:
– Dá apenas um pedacinho. Pensa no que tens, no que queres e naquilo de que precisas realmente… e terás a resposta." 

A Ryan's Well Foundation, já com mais de 10 anos, "é uma família de pessoas comprometidas em proporcionar o acesso à água potável e ao saneamento como um meio essencial para melhorar a vida das pessoas no mundo em desenvolvimento".

Todos podemos participar em algo maior que nós próprios e fazer a diferença. Por pequena que seja, é sempre valiosa para alguém. Nem que seja participar na campanha global da End Water Poverty no âmbito do Dia Mundial da Água 2011:



segunda-feira, 21 de março de 2011

Da dura verdade desta economia


"A ciência deste século é uma grandessíssima tola. E como tal, presunçosa e cheia do orgulho dos néscios. "

Sobre a realidade da economia podre que nos domina, deixo aqui para reflexão um texto de Almeida Garrett, extraído do livro "Viagens na Minha Terra" (publicado pela primeira vez  em 1846), e um vídeo sobre as políticas económicas aplicadas na União Europeia:  "O grande casino europeu". Este vídeo foi  realizado por La Antena SCV,  produzido por "Enlazando Alternativas" e divulgado pelo movimento ATTAC, um movimento global contra as actuais políticas financeiras.

"Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis."
Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra'

domingo, 20 de março de 2011

Dia Mundial da Árvore e da Floresta - visita à mata de Pindela


Nada melhor para comemorar o Dia Mundial da Árvore (21 de Março) do que passeando numa bela floresta. Foi o que me aconteceu na manhã deste domingo, passada na visita guiada à Mata de Pindela, na freguesia de Cruz, Vila Nova de Famalicão. Um passeio integrado também no âmbito do Ano Internacional das Florestas, organizada pelo CEAB (Centro de Estudos e Actividades Ambientais) e o GTF (Gabinete Técnico Florestal) do Município de Vila Nova de Famalicão.
Ficamos a conhecer a mata e seus belíssimos percursos, bem como as três  impressionantes árvores com mais de 200 anos classificadas como de interesse público: uma tulipeira [Liriodendron tulipifera L.], uma sequóia [Sequoia sempervirens (Lamb.) Endl] e uma  Pesudotsuga [Pseudotsuga menziesii (Mirbel)]. Esta mata   faz parte da Quinta de Pindela, que se dedica sobretudo  à agricultura biológica e ao turismo rural.



 





Nota: esta mensagem é semelhante à publicada ontem no blogue "Famalicão por um mundo melhor", onde estão mais algumas fotos. 

sexta-feira, 18 de março de 2011

O último segundo

Em Dezembro de 2009 foi aqui publicado o trailer do documentário The 11th Hour, em Portugal traduzido para A 11ª Hora, no Brasil para A Última Hora. O filme, que foi lançado nos cinemas em 2007, passou em 2009 na RTP2 e em Janeiro passado na RTP1. Para quem não viu ou quer rever, fica aqui a primeira parte da versão dobrada em português (Brasil) que está actualmente disponível no Youtube, e a ligação para as outras em 8 partes. 

"Um impressionante testemunho do quanto as atividades humanos estão a contribuir para alterar o clima do planeta. Produzido e narrado por Leonardo Di Caprio, conta com a participação e o testemunho de dezenas de conceituados cientistas nesta luta pelo restabelecimento do equilíbrio da relação entre a humanidade e os ecossistemas. o documentário mostra os desastres naturais causados pela humanidade e mostra o que pode ser feito para reverter os problemas, entrevistando mais de 50 pessoas, como o cientista Stephen Hawking e o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev." Fonte: RTP

Se se comprimisse a história da Terra (4,56 mil milhões de anos até hoje) num só ano, com a formação do planeta no dia 1 de Janeiro, as primeiras formas de vida terão surgido em Março, os primeiros animais em meados de Novembro, e os primeiros hominídeos já na noite do dia 31 de Dezembro. Nessa escala, a nossa espécie terá aparecido no último minuto, e a era industrial no último segundo do dia 31 de Dezembro. Muito se "evoluiu" e muito se estragou nesse último segundo!



Actualização 2012/03/04: Versão original com legendas em português em  http://youtu.be/rzznZ1kNIlI

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dois anos

Depressa se passaram dois anos desde que este blogue arrancou. Espero que tenha contribuído para informar e alertar pessoas para o estado de degradação em que se encontra a nossa Terra, e sobretudo para a reflexão e consciencialização sobre a necessidade de mudança de atitudes e comportamentos.

Agradeço a todos aqueles que têm acompanhado e visitado este blogue, a todos os 443 que seguem através do Blogger, aos 506 seguidores no NetworkedBlogs, aos já mais de 1500 seguidores da página do Facebook, e aos 272 seguidores no Twitter. A todos vocês e a todos os que contribuíram para as 118.000 visitas, muito obrigada por terem ajudado este blogue a crescer e a sua autora a não perder a esperança na mudança para melhor. Obrigada também a todos os que partilharem noutros sites as mensagens que aqui foram divulgadas, e um agradecimento muito especial aos que têm colaborado com os seus comentários.

Como agradecimento, deixo dois vídeos pelos dois anos de companhia. O primeiro, com imagens minhas (quase todas) e com música de Louis Armstrong (Moon River). O segundo  foi feito com música de Bob Marley (Get up, stand up) e de O Show do Planeta (O sonho da poça d'água), e com imagens obtidas na Internet (quase todas), a maioria das quais já passaram neste blogue. 



Daqui para o futuro espero que as mudanças aconteçam porque as pessoas começaram a perceber que:
  • a Terra é finita
  • a população mundial continua a crescer exponencialmente
  • todos os povos têm direito a uma vida digna e feliz
  • consumir não é sinónimo de felicidade
  • os recursos naturais da Terra estão a esgotar-se
  • as nossas emissões estão a afectar o equilíbrio da natureza 
  • a nossa espécie depende, tal como as outras, do equilíbrio da natureza
  • nunca tantas espécies se extinguiram em tão pouco tempo
  • a biodiversidade precisa urgentemente de ser protegida
  • é fundamental valorizar o ser e não o ter
  • precisamos uns dos outros cada vez mais
  • não é matematicamente, fisicamente ou biologicamente possível a continuidade desta civilização consumista
  • é urgente consumir menos
  • é essencial respeitar a natureza e os outros
  • uma democracia saudável não existe numa sociedade que tolera a corrupção e valoriza a ganância
  • não é aceitável que a fortuna das 2 pessoas mais ricas do mundo seja maior que a soma do PIB dos 45 países mais pobres, nem que 2% da população possua mais de 50% da riqueza mundial
  • os maiores inimigos da espécie humana são as mega-empresas de capital anónimo, gananciosas, corruptas, vorazes por dinheiro, sem rosto nem ética
  •  a civilização do futuro consome menos energia, não desperdiça, protege a natureza e a comunidade
  • a civilização do futuro cultiva de forma natural e produtiva a sua terra para se alimentar
  • a civilização do futuro é criativa e usa a tecnologia para melhorar a sua vida e não para gerar lucro 
  • o dinheiro tem de deixar de ser o motor da humanidade 

    sexta-feira, 11 de março de 2011

    "Permacultura para crianças" e para adultos também

    O texto que se segue consta da primeira parte e da parte final de uma mensagem publicada no blogue Cultivar Biodiversidade e Permacultura, em Dezembro passado. Um excelente blogue, e um excelente post, que, apesar de um pouco longo, merece ser lido de princípio ao fim (ligação no título), para o entendimento da permacultura. 


    A Permacultura é um conjunto de ferramentas e um processo para criar uma maneira de viver de forma sustentável, integrados nos nossos ecossistemas e nas nossas comunidades. É baseada na observação da Natureza e em fazer as ligações entre as disciplinas e sobre a história e processos, com o objectivo de satisfazer as necessidades humanas, deixando a terra mais saudável e abundante para as futuras gerações e as outras formas de vida.

    Sistemas climáticos, agricultura sustentável, jardinagem, floresta, eco-construção, energias renováveis, a leitura da paisagem, comunidades e habitats, sistemas ecológicos de regeneração, sistemas alternativos de água e resíduos, restauração ecológica da paisagem, artes e ofícios de subsistência, economias alternativas,  recriação e reciclagem e mais ...

    Este programa único vai proporcionar um ambiente no qual cada criança pode reacender sua conexão inata com a natureza de uma forma inspiradora,  divertida e segura.

    Através de jogos baseados na natureza, actividades de artes e de orientação, as crianças aprendem conceitos e práticas de Permacultura e ética de gestão, a desenvolver uma relação íntima e pessoal com a Natureza, explorar, rastreamento na Natureza, espécies e ecologia da paisagem e do habitat, participar em actividades de percepção sensorial, a prática diária da natureza, desenho e pintura, e tudo com muito jogo, brincadeira e divertimento. Eis o que a programação diária será, em geral.

    Se procura uma maneira de envolver as crianças no respeito e vivência na Natureza, nada melhor que ensinar a Permacultura. Os 12 princípios da Permacultura como definido por David Holmgren são lições maravilhosas e podem ser incorporados em quase qualquer currículo. Se você tiver um jardim da escola ou não, tente imaginar esses princípios integrados na sua classe. Eles podem ser transmitidos directamente ou utilizados como ferramentas em acções práticas para ensinar às crianças, ensinando pelo exemplo.

     1. Observar e interagir - Ao ter tempo, abertura e disponibilidade para envolver com a natureza, podemos criar soluções que atendam a nossa situação particular.

     2. Captura e armazenamento de energia - Com o desenvolvimento de sistemas que recolhem recursos quando eles são abundantes, podemos usá-los em momentos de necessidade.

     3. Obter um rendimento - Certificar que estamos recebendo recompensas verdadeiramente úteis, como parte do trabalho que se está fazendo.

     4. Aplicar a auto-regulação e aceitar o retorno - Precisamos desencorajar a actividade imprópria para assegurar que os sistemas podem continuar a funcionar bem.

     5. Uso e valor de recursos renováveis e de serviços - Fazer o melhor uso da natureza é a abundância de reduzir o nosso comportamento de consumo e dependência de recursos não-renováveis.

     6. Não produzir resíduos - Ao valorizar e fazer uso de todos os recursos que estão disponíveis para nós, nada se perde.

     7. Design de padrões para detalhes - Olhando de cima, podemos observar padrões na natureza e na sociedade. Estes podem formar a espinha dorsal dos nossos projectos, com os detalhes preenchidos e enriquecidos.

     8. Integrar ao invés de segregar - Ao colocar as coisas certas no lugar certo, desenvolvemos relações entre as coisas e capacitamos para trabalhar em conjunto no apoiar uns aos outros.

     9. Usar soluções pequenas e lentas - sistemas pequenos e lentos são mais fáceis de manter do que os grandes, fazendo melhor uso dos recursos locais e produzindo resultados mais sustentáveis.

     10. Uso e valorização da diversidade - Diversidade reduz a vulnerabilidade a uma série de ameaças e aproveita a vantagem da natureza única do ambiente em que está.

     11. Use as margens e o valor marginal - A interface entre as coisas é onde a maioria dos eventos interessantes acontecem. Estes são muitas vezes os elementos mais valiosos, diversificados e produtivos no sistema.

     12.Usar a criatividade para responder à mudança - Podemos ter um impacto positivo na mudança inevitável observando cuidadosamente, e depois intervir no momento certo."

    (...)

    "A nossa geração está apenas a despertar para a necessidade de avançar para uma nova direcção cultural, afastando-se do conceito que "a terra pertence ao homem", para o conceito de que "a humanidade pertence à terra". Estamos apenas começando a viagem. Vamos chegar tão longe quanto pudermos, aprender tanto quanto possível, estabelecer o quanto podemos e passá-lo para as crianças.

    Estamos apenas a começar, mas podemos começar por algum lado, começar onde estamos, atrair outras pessoas, partilhar recursos, os excedentes e os terrenos que podemos ter. Divertir com tudo isso, conhecer novos amigos. A vida é uma viagem, é o tempo para o próximo capítulo. Vamos para fora encontrar a nossa comunidade ou tribo. Combinar o que temosde habilidades, energia, terra, dinheiro, ou em casa para uma atitude mais positiva e construtiva. Pensar do lado de fora da caixa, para na verdade nos livrar da caixa."

    quarta-feira, 9 de março de 2011

    Tomate prestes a ser patenteado pela empresa Monsanto

    Imagem obtida em CrooksAndLiars,
    créditos para 
    Dropstone Farms
    Nós, cidadãos, temos de abrir os olhos, estar atentos e levantar a nossa voz, porque a natureza está a saque. Leiam o seguinte comunicado de imprensa que está disponível no site GAIA, e assinem a carta aos membros do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia pelas sementes livres .




    «Tomate prestes a ser patenteado pela empresa Monsanto

    Instituto Europeu de Patentes oferece cada vez mais controlo sobre mercado das sementes a empresas que já detêm o monopólio do sector.

    Lisboa, 9 de Março de 2011 - Um estudo recente (1) , encomendado pela coligação No Patents On Seeds (2) e publicado hoje em Munique, revela que o Instituto Europeu de Patentes (IEP) tem a intenção de conceder mais patentes sobre as sementes, plantas e alimentos resultantes de processos de criação convencionais. O relatório denuncia que a divisão de análise do IEP informou, em Janeiro deste ano, a empresa de sementes Seminis, uma subsidiária da empresa norte-americana Monsanto que não há objecções de fundo ao seu pedido de obtenção de uma patente sobre tomates criados com métodos convencionais (EP1026942). O IEP mandou pareceres semelhantes a outros candidatos.

    “Se esta tendência não for travada, dentro de poucos anos não haverá sementes no mercado que não estejam protegidas por patentes. Corporações como a Monsanto, Syngenta ou Dupont decidirão então quais as plantas cultivadas e quais os alimentos vendidos na Europa e o respectivo preço,” diz Cristoph Then, um dos porta-vozes da coligação No Patents On Seeds.

    As conclusões do estudo surpreendem, dado que em Dezembro de 2010, baseado no precedente criado pelas patentes pedidas para Brócolo e Tomate, o Comité de Recurso do IEP deliberou que em geral os processos para a criação convencional de plantas não são patenteáveis. Uma decisão final sobre o caso do Brócolo é esperado nas próximas semanas. No entanto, a investigação recente mostra que é expectável que as patentes sobre plantas, animais, sementes e os alimentos provenientes dos mesmos vão continuar a ser concedidas na Europa. Segundo a interpretação da lei por parte do IEP, os processos de criação continuam a ser excluídos da protecção por patentes, mas paradoxalmente os produtos que resultam destes processos são patenteáveis.

    “A proibição legal sobre patentes na área da criação convencional de plantas foi esvaziada pela prática corrente do Instituto Europeu de Patentes,” afirma Kerstin Lanje da Misereor, uma organização Católica para o desenvolvimento. “Mesmo antes da decisão final sobre a patente do Brócolo, o IEP continua o seu lóbi a favor das multinacionais. Estas grandes corporações terão carta branca para abusar sistematicamente as leis das patentes para obter controlo sobre todos os níveis da produção de alimentos. Isto também terá impacto nas pessoas nos países do Sul, que já hoje sofrem as consequências do aumento continuado do custo da alimentação.”

    Segundo o estudo da No Patents On Seeds, não menos de 250 pedidos de obtenção de patente para organismos geneticamente modificados e cerca de 100 pedidos para plantas criadas convencionalmente foram registados junto do IEP em 2010. Os pedidos de patentes relativas à criação convencional de plantas estão a aumentar de ano para ano, liderados pela Monsanto, Syngenta e Dupont. Adicionalmente, cerca de 25 pedidos de patentes relativas à criação de animais deram entrada no IEP. Em 2010, este concedeu cerca de 200 patentes sobre sementes obtidas com e sem engenharia genética.

    Governos como o alemão, organizações não-governamentais, associações de agricultores e criadores independentes na Europa e no mundo têm contestado a concessão de patentes sobre plantas e animais. A coligação No Patents On Seeds pretende intensificar o seu lóbi para uma redefinição da legislação europeia sobre patentes. Neste sentido é hoje lançado um novo apelo de subscrição da petição internacional contra as patentes sobre a vida (3) , da qual a Campanha pelas Sementes Livres (4) em Portugal é uma das primeiras signatárias.»

    Ver mais em GAIA

    terça-feira, 8 de março de 2011

    Uma em cada três mulheres é vítima de violência

    Uma em cada três mulheres é vítima de violência.

    Numa parte do mundo, e nos últimos 100 anos, as mulheres já melhoraram o seu estatuto, já têm mais direitos, mais oportunidades, mais liberdade e mais voz que as suas antepassadas; mas ainda estão longe de chegar à igualdade de género.
    Mas em outras partes do mundo, mulheres e meninas continuam a ser discriminadas, violentadas, caladas, escravizadas, assassinadas.

    Mais lá. Mas também cá!

    Fazer leis para as proteger não basta, é preciso mudar culturas.



    No passado mês de Julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações das Nações Unidas criou a  UN Women (ONU Mulher), órgão das Nações Unidas para a Igualdade de Género e Capacitação da Mulher. Assim, este 100º Dia Internacional da Mulher é o primeiro após a criação desta instituição que integra quatro outras instituições preexistentes, entre as quais a UNIFEM. Uma das prioridades deste organismo é a eliminação da discriminação e violência contra as mulheres.

    "A igualdade de género não é apenas um direito humano básico, mas a sua concretização traz enormes implicações sócio-económicas. Capacitar as mulheres faz prosperar a economia, estimulando a produtividade e o crescimento.
    No entanto, as desigualdades de género permanecem profundamente enraizadas em todas as sociedades. As mulheres têm mais dificuldade no acesso a trabalho decente e enfrentam a segregação e disparidades salariais entre homens e mulheres. Em muitos lugares do mundo, a elas é negado o acesso à educação básica e à saúde. Mulheres em todas as partes do mundo sofrem violência e discriminação. Elas estão sub-representadas nas camadas decisórias da política e da economia" (Fonte: UN Women)

    Mais de 1,8 milhões já disseram não à violência contra as mulheres em Say NO UNitE. - End Violence against Women. Junte a sua voz e diga você também NÃO. Lembre-se do poder das palavras.

    segunda-feira, 7 de março de 2011

    "Liga-te aos Outros" - Concurso da AMI para voluntariado jovem

    Mais vale tarde que nunca, por isso divulgo hoje o concurso para projectos de voluntariado jovem lançado pela AMI. Com um agradecimento à Sónia Da Veiga do blogue Comprar local e nacional é Reinvestir em Portugal por me ter informado.

    « Concurso “Liga-te aos Outros”

    A Fundação AMI lança o concurso “Liga-te aos Outros”, projecto que se destina a incentivar os jovens (a frequentar o 7ºano de escolaridade ou mais) a abarcar actividades de voluntariado na sua comunidade, em parceria com a escola.

    Considerando que os jovens constituem, em larga medida, uma faixa da população prioritária para a AMI, no que diz respeito à sensibilização para uma cidadania activa e para o respeito pelos Direitos Humanos e que são importantes agentes de mudança, que devem ter um papel interventivo e pró-activo na sociedade, a AMI pretende fornecer os meios necessários para que estes, com a sua inerente criatividade, atinjam os fins a que se propõem.

    O concurso será aberto a todos os jovens a frequentar a escola a partir do 7º ano e consiste na apresentação de propostas para resolução, através de actividades de voluntariado, de problemas locais que os próprios detectem. A AMI seleccionará os três projectos mais consistentes e financiará os mesmos (no que diz respeito a custos com materiais, transportes, etc).

    A AMI pretende assim celebrar o Ano Europeu do Voluntariado, proclamado pela Comissão Europeia, e o Ano Internacional da Juventude, proclamado pelas Nações Unidas, estimulando os jovens para um maior envolvimento na sua comunidade e desenvolvendo a sua consciência social na detecção de casos sociais ou ambientais passíveis de serem resolvidos.

    Os projectos deverão ser submetidos até dia 11 de Março de 2011. "(Fonte: AMI)
    Ver mais sobre o concurso na página da AMI

    domingo, 6 de março de 2011

    Nascidos para morrer cedo

    Não se admire se o seu aparelho comprado há pouco mais de dois anos avariar, agora que está fora da garantia, e quando o quiser arranjar lhe disserem que mais vale comprar um novo: é que é esse o motor da economia moderna: as coisas são feitas para usar e deitar fora. Se quiser aprofundar o tema, veja o documentário  Comprar, Tirar, Comprar (abaixo incorporado) emitido pela TVE e leia a mensagem de Mab no blogue O Único Planeta que Temos.

    sábado, 5 de março de 2011

    A transição vista por Leonardo Boff


    "A difícil passagem do tecnozóico ao ecozóico

    por Leonardo Boff, Fevereiro 2011

    As grandes crises comportam grandes decisões. Há decisões que significam vida ou morte para certas sociedades, para uma instituição ou para uma pessoa.

    A situação atual é a de um doente ao qual o médico diz: ou você controla suas altas taxas de colesterol e sua pressão ou vai enfrentar o pior. Você escolhe.

    A humanidade como um todo está com febre e doente e deve decidir: ou continuar com seu ritmo alucinado de produção e consumo, sempre garantindo a subida do PIB nacional e mundial, ritmo altamente hostil à vida, ou enfrentar dentro de pouco as reações do sistema-Terra que já deu sinais claros de estresse global. Não tememos um cataclisma nuclear, não impossível mas improvável, o que significaria o fim da espécie humana. Receamos isto sim, como muitos cientistas advertem, por uma mudança repentina, abrupta e dramática do clima que, rapidamente, dizimaria muitíssimas espécies e colocaria sob grande risco a nossa civilização.

    Isso não é uma fantasia sinistra. Já o relatório do IPPC de 2001 acenava para esta eventualidade. O relatório da U.S. National Academy of Sciences de 2002 afirmava “que recentes evidências científicas apontam para a presença de uma acelerada e vasta mudança climática; o novo paradigma de uma abrupta mudança no sistema climático está bem estabelecida pela pesquisa já há 10 anos, no entanto, este conhecimento é pouco difundido e parcamente tomado em conta pelos analistas sociais”. Richard Alley, presidente da U.S. National Academy of Sciences Committee on Abrupt Climate Change com seu grupo comprovou que, ao sair da última idade do gelo, há 11 mil anos, o clima da Terra subiu 9 graus em apenas 10 anos (dados em R.W.Miller, Global Climate Disruption and Social Justice, N.Y 2010). Se isso ocorrer conosco estaríamos enfrentando uma hecatombe ambiental e social de conseqüências dramáticas.

    O que está, finalmente, em jogo com a questão climática? Estão em jogo duas práticas em relação à Terra e a seus recursos limitados. Elas fundam duas eras de nossa história: a tecnozóica e a ecozóica.

    Na tecnozóica se utiliza um potente instrumental, inventado nos últimos séculos, a tecno-ciência, com a qual se explora de forma sistemática e com cada vez mais rapidez todos os recursos, especialmente em benefício para as minorias mundiais, deixando à margem grande parte da humanidade. Praticamente toda a Terra foi ocupada e explorada. Ela ficou saturada de toxinas, elementos químicos e gases de efeito estufa a ponto de perder sua capacidade de metabolizá-los. O sintoma mais claro desta sua incapacidade é a febre que tomou conta do Planeta.

    Na ecozóica se considera a Terra dentro da evolução. Por mais de 13,7 bilhões de anos o universo existe e está em expansão, empurrado pela insondável energia de fundo e pelas quatro interações que sustentam e alimentam cada coisa. Ele constitui um processo unitário, diverso e complexo que produziu as grandes estrelas vermelhas, as galáxias, o nosso Sol, os planetas e nossa Terra. Gerou também as primeiras células vivas, os organismos multicelulares, a proliferação da fauna e da flora, a autoconsciência humana pela qual nos sentimos parte do Todo e responsáveis pelo Planeta. Todo este processo envolve a Terra até o momento atual. Respeitado em sua dinâmica, ele permite a Terra manter sua vitalidade e seu equilíbrio.

    O futuro se joga entre aqueles comprometidos com a era tecnozóica com os riscos que encerra e aqueles que assumiram a ecozóica, lutam para manter os ritmos da Terra, produzem e consomem dentro de seus limites e que colocam a perpetuidade e o bem-estar humano e da comunidade terrestre como seu principal interesse.

    Se não fizermos esta passagem dificilmente escaparemos do abismo, já cavado lá na frente."
    Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor universitário brasileiro

    sexta-feira, 4 de março de 2011

    Aprender agricultura sustentável na Maia

     Curso de Agricultura Biológica  - 5 de Março e  11 de Junho

    O Núcleo do Porto da Quercus está a organizar um Curso de Agricultura Biológica com a duração de 14 horas (em dois sábados), nos dias 5 de Março e 11 de Junho, das 9h e as 18h. "O curso decorrerá na Quinta da Gruta, na Maia e abordará diversos conteúdos programáticos sob a orientação de Ângela Pereira da Biobrassica. Saiba aqui as condições de participação!"  Fonte: Quercus

     Não sei se ainda vai a tempo, mas se pretender ligue para 222 011 065 ou  931 620 212 ( Célia Vilas Boas)


    Conferência "Agricultura Sustentável"  - 12 de  Março

    "A 12 de Março, o Núcleo Regional do Porto da Quercus com o apoio da Câmara Municipal da Maia organiza a conferência "Agricultura Sustentável", na Quinta da Gruta, na Maia. A entrada é gratuita mas a inscrição é obrigatória.
    A actividade, cujo orador será o presidente da Agrobio (Associação Portuguesa de Agricultura Biológica), Jaime Ferreira, deverá decorrer das 16h00 às 17h30. A iniciativa é a primeira de sete conferências do projecto "Maia + Sustentável", cujo objectivo será "informar e promover o debate sobre vários temas a serem abordados, bem como sensibilizar os cidadãos para uma prática ambiental mais sustentável".  Fonte: Ecosfera

    terça-feira, 1 de março de 2011

    A história dos cidadãos unidos versus corporações

    Porque a democracia só funciona quando os cidadãos participam? Porque é que o povo perdeu o controle da democracia? Porque as mega corporações económicas e financeiras - sim, as grandes sociedades anónimas, aquelas que não têm rosto nem culpa -  mandam no mundo e nos políticos? 

    Veja e ouça as explicações de Annie Leonard no mais recente vídeo de "The Story of Stuff", lançado hoje, ou leia o artigo no The Huffington Post. A história é contada para os americanos, onde os "lobbies" das corporações são "legais". Nos Estados Unidos, as grandes sociedades anónimas gastam centenas de milhões de dólares em propaganda eleitoral para influenciar os cidadãos a votar nos candidatos que os protegem. Nos Estados Unidos, podem gastar o que quiserem, porque o Supremo Tribunal assim o decidiu. Annie Leonard apela aos cidadãos para exigirem a mudança da constituição, que deve diferenciar pessoas reais de empresas.  Mais que óbvio - porque as pessoas são movidas por uma multiplicidade de interesses, necessidades e expectativas. E essas empresas, só as move uma coisa: maximizar o lucro!

    Por cá, a história não é muito diferente: os "lobbies" não são permitidos, mas são como as bruxas: lá que existem, existem! E o pior, é que as grandes empresas anónimas são multinacionais, não actuam só nos Estados Unidos! E muitas delas actuam das maneiras mais sórdidas!



    Com legendas em espanhol aqui