sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"À Sombra de um Delírio Verde"


À Sombra de um Delírio Verde from Midiateca Copyleft on Vimeo.

Filme em inglês: The Dark Side of the Green

À Sombra de um Delírio Verde, 2011,um filme de An Baccaert, Cristiano Navarro, Nicola Mu

«Na região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território.
Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontram-se milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível “limpo” e ecologicamente correto.
Sem terra e sem floresta, os Guarani Kaiowá convivem há anos com uma epidemia de desnutrição que atinge suas crianças. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e trabalho escravo.
Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros.»

Mais sobre as injustiças e crimes contra os índios Kaiowá Guarani no Brasil aqui

Petição da Avaaz: Salvemos os índios Guarani-Kaiowá - URGENTE!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

"Como podemos alimentar o mundo de hoje e de amanhã?"

«Os maiores agentes da indústria alimentar  - desde fabricantes de pesticidas e de fertilizantes até aos processadores de alimentos - gastam milhares de milhões de dólares todos os anos a vender a ideia de que precisamos dos seus produtos para alimentar o mundo. Mas, realmente precisamos da agricultura industrial para alimentar o mundo? Podem os alimentos cultivados de forma sustentável produzir a quantidade e qualidade de que precisamos - hoje e no futuro? O nosso primeiro filme “Food MythBusters“ (Caça-mitos dos Alimentos) responde a essas questões em menos de sete minutos. Então da próxima vez que você as ouvir, você também pode responder

Fonte: traduçao de Food MythBusters, filme de Anna Lappé

"Nada indica que precisamos de OGM para alimentar o mundo"

Depois da notícia de que "Alimentar o mundo sem pesticidas é possível", como conclui a jornalista e documentarista francesa Marie-Monique Robin, que percorreu o mundo para ouvir as opiniões de especialistas - de camponeses a engenheiros agrónomos (ver artigo em Zona Livre de OGM), investigadores afirmam que "Transgénicos não são solução para alimentar o mundo".

Infografia obtida aqui
O artigo intitulado "La faim dans le monde, alibi pour le développement des OGM" veio publicado no jornal Liberation, em 18 de Outubro, e abaixo deixo traduzido (tradução minha, assim como os negritos e os  links):

«A fome no mundo, alibi para o desenvolvimento dos OGM

Enquanto o Comité de Segurança Alimentar (FAO) se reuniu em Roma, esta semana, agrónomos e especialistas afirmam que os transgénicos não são uma solução para alimentar a humanidade.

Por: FRANÇOIS AFFHOLDER, investigador e agrónomo do Cirad (Centro de Cooperação Internacional de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento); NICOLAS BRICAS, pesquisador e responsável pela missão sobre segurança alimentar no Cirad; BENOÎT DAVIRON, pesquisador em economia política no Cirad, EVE FOUILLEUX, diretora de pesquisas do CNRS

Os debates suscitados pela recente publicação de Séralini e seus colegas foram um pretexto para apresentar os OGM como uma potencial solução para a fome no mundo. Como agrónomos e especialistas em questões de segurança alimentar, não podemos deixar crer que os OGM são a maneira de alimentar a humanidade, seja ela de 9 mil milhões em 2050, ou 12 mil milhões em cenários mais pessimistas.

Na primeira linha dos benefícios esperados pelos OGM é destacada a sua potencial contribuição para o aumento da produção. Isto levanta a primeira questão: o problema da fome no mundo é realmente um problema de produção insuficiente? Como demonstrado por numerosos estudos sobre a insegurança alimentar, o problema é essencialmente o acesso aos alimentos pelos indivíduos, isto é, o acesso à terra ou aos rendimentos, e uma questão de democracia, muito antes de um problema de quantidade produzida. Os níveis de produção atuais já são suficientes para alimentar o mundo. Em média, é produzido por dia o equivalente a 4.972 calorias por habitante em todo o mundo na forma de colheitas, mas apenas cerca de metade (2.468 calorias por dia por habitante, em média) chega aos pratos dos consumidores do mundo. Grande parte dos alimentos produzidos são usados na pecuária intensiva, são transformads em biocombustíveis ou são desperdiçado, seja após a colheita, nos supermercados ou nas casas (1).

Uma segunda questão surge: são os OGM uma solução para produzir mais em países afetados pela insegurança alimentar? Observações nos campos dos agricultores de países em desenvolvimento mostram que os rendimentos obtidos não são limitados pelas características de espécies e das variedades que aí cultivam, mas principalmente pela reduzida utilização de fertilizantes orgânicos e minerais. Muitas vezes, é a falta de fertilização que promove a infestação das cultura por ervas daninhas e as torna suscetíveis às doenças. Portanto, já seria possível aumentar esses rendimentos simplesmente implementando os princípios clássicos de agronomia: a gestão da fertilidade do solo e rotação de culturas. Poder-se-ia mesmo ir mais longe na melhoria da produção com um melhor controle do funcionamento interno dos ecossistemas cultivados, sobretudo aproveitando as sinergias que existem entre as espécies biológicas, ao serviço de uma produção eficiente com baixo recurso a fertilizantes e pesticidas. Outras margens de manobra são igualmente importantes na gestão da água ou na melhoria do armazenamento pós-colheita.

Terceira pergunta: se já existem as tecnologias para aumentar a produtividade nessas áreas, por que não estão a ser implementadas por agricultores pobres? Precisamente porque eles são pobres e não dispõe do mínimo de recursos para investir na fertilidade dos seus solos em instalações para fazer melhor uso da água, em meios de armazenamento mais eficientes. De um modo geral, eles não têm a capacidade financeira que lhes permite, como fazem os agricultores dos países industrializados, para visar objetivos de produção elevados, remuneradoras da proteção contra o risco que estes objectivos implicam. Os mercados a que potencialmente podem aceder não pagam o suficiente pelo seu trabalho ou investimentos, ou são demasiado incertos, para poderem ter um efeito de incentivo. Além disso, o acesso ao crédito é muitas vezes difícil ou impossível.

Finalmente, as soluções mencionadas aqui provavelmente veriam os seus efeitos reforçados através do uso de variedades de plantas melhoradas, mas, mais uma vez, por outras técnicas disponíveis que não os OGM. As variedades melhoradas através da “clássica” seleção e/ou hibridização podem estar associadas a alterações no sistema de cultivo permitindo ajudar a aumentar a produção. Embora possa parecer antiquado para alguns, o clássico melhoramento das sementes tem uma dupla vantagem: é mais acessível para a maioria dos países do mundo e mais flexível para se adaptar às culturas numa multitude de contextos locais. Nada indica que precisamos de OGM para alimentar o mundo. No entanto, temos de dedicar tempo a pesquisar para pesar as vantagens, desvantagens e riscos, e colocar claramente a questão dos contextos económicos, políticos e sociais em que estas novas tecnologias estão mobilizadas.

(1) Fonte: Dorin B., 2012. Atualização para 2007 pelas estimativas publicadas em “Paillard S., Tréyer S., Dorin B. (Dir.), 2010. Agrimonde: scenarios et défis pour nourrir le monde en 2050, Quae, Versailles”»

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Injustiças e crimes contra os índios Kaiowá Guarani no Brasil

É preciso que se saiba o que está a acontecer ao povo indígena Kaiowá Guarani no Mato Grosso: fazendeiros produtores de monoculturas de soja e cana, e pistoleiros, roubam, agridem, expulsam, assassinam, levam esse povo à miséria e suicídio, ao extermínio. E ninguém diz nada, ninguém faz nada! Leiam aqui e vejam os vídeos abaixo.





Assine a petição da Avaaz: Salvemos os índios Guarani-Kaiowá - URGENTE!

Arquitetura de palha - Tertúlia na Campo Aberto (Porto)

«Arquitetura de palha 

Fotografia de Catarina Pinto -casa em fardos de palha, Alemanha (daqui)
O Quê?
Uma tertúlia sobre construção com fardos de palha, organizada pelo Grupo Energia e Clima da Campo Aberto 

Com quem?
O tema será apresentado pelo Arq. Vítor Varão, professor na ESAD - Escola Superior de Arte e Design, de Matosinhos, que tem vindo a trabalhar sobre este tema em Portugal e no estrangeiro.

Quando?
Quinta-feira, 15 de novembro, às 21:15.

Onde?
Na sede da Campo Aberto, rua Santa Catarina, 730-2.º andar, no Porto.

Como?
Inscrevendo-se (obrigatório mas gratuito) para o email: jcdcm@sapo.pt  indicando necessariamente  nome e telefone(s).

A Campo Aberto agradece donativos que os participantes queiram deixar à entrada da sessão (a título indicativo: 1 euro para sócios, 3 euros para não sócios).

Tema
Esta tertúlia abordará a construção com fardos de palha e outros materiais possíveis de utilizar na arquitetura sustentável, e cujas qualidades de climatização representam importantes potenciais economias de energia.

Desde há muitos anos que no Nebraska se iniciaram as construções com fardos de palha, 
recorrendo a vários processos. Esta tecnologia é cada vez mais utilizada dentro de um conceito de arquitetura sustentável, afirmando-se cada vez mais como uma construção qualificada e de grande valor estético, que traz mais valias tanto na eficiência térmica como acústica.

A construção com fardos de palha está pouco implementada em Portugal mas começa a dar os seus primeiros passos. Esta apresentação, numa abordagem de transmissão de conhecimento destes materiais, refere como se processa esse tipo de construção, as suas vantagens, o enquadramento desse material com outros materiais que se podem utilizar na arquitetura ecossustentável, bem como as várias maneiras de utilizar os fardos de palha, incluindo na autoconstrução.

Sendo um material com muitas qualificações técnicas, e surpreendendo a opinião vulgar, a sua utilização neste momento está a acontecer mais nos países frios e húmidos.»

Fonte: e-mail da Campo Aberto

sábado, 20 de outubro de 2012

Uma quinta para o futuro

Documentário da BBC "A Farm for the Future" (2009):

Imagem obtida aqui

«Com o pai perto da reforma, a realizadora de filmes de vida selvagem Rebecca Hosking retorna à quinta da sua família em Devon, para se tornar a próxima geração a cultivar a terra. Mas os preços a subir dos combustíveis chamaram a atenção para Rebecca. Percebendo que toda a produção de alimentos no Reino Unido é completamente dependente de combustíveis fósseis, ela propõe-se descobrir o quão seguro é o fornecimento de petróleo.

Alarmada com as respostas, ela explora as formas de agricultura sem o uso de combustíveis fósseis. Com a ajuda de agricultores e produtores pioneiros, Rebecca descobre que, na verdade, a natureza é a chave para a agricultura num futuro de baixa energia
Fonte: tradução daqui

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A fome dos camponeses

Assinalando o Dia Mundial da Alimentação, o documentário "A Fome dos Camponeses" (La Faim des Paysan - Les Labour du Futur, 2006), gravado seguindo 4 agricultores de continentes diferentes: no Vietname, na Argentina, na Índia e na França. Fica a sinopse (tradução daqui):

Imagem obtida aqui
«Hoje, 2% dos agricultores do mundo fornecem metade da produção agrícola mundial.

Eles fazem-no à custo do aumento do uso de fertilizantes e pesticidas e da marginalização de centenas de milhões de pequenos agricultores que não têm os meios para suportar esta corrida à produtividade. No entanto, em 2050, haverá 9 mil milhões de pessoas para alimentar.

Será que vai ser possível aí chegar se se condena milhões de agricultores a desaparecer, e sobretudo se se perturba o equilíbrio dos ecossistemas? Pelo contrário, não se estará a correr o risco de agravar a crise que muitos especialistas prevêem?»


A Fome dos Camponeses (2006) from Malandro on Vimeo.

domingo, 14 de outubro de 2012

Mensagem da ativista islandesa Birgitta Jónsdóttir

Mensagem da ativista islandesa Birgitta Jónsdóttir, de 13/10/2012

(Tradução de Carlos Clara Gomes)

«Uma mensagem minha para todos os que protestam. Especialmente para os meus amigos de Portugal.

Caros irmãos e irmãs

Quem me dera poder estar convosco pessoalmente, pois tenho saudades dos protestos que tivemos na Islândia quando surgiu a nossa crise financeira de 2008/2009.
Tenho saudades do espírito e do sentido de união que todos vivemos. O meu espírito está convosco e com todos aqueles que hoje se erguem. Povos de todo o mundo estão a acordar para a realidade de que os nossos sistemas já não nos servem. Os sistemas são auto-imunes e defendem-se a eles mesmos em vez de defenderem quem deviam estar a servir: TODOS VÓS

Nunca nos esqueçamos que nós também somos o sistema, nós também somos o governo, e se nós queremos mudar isso temos que ir lá dentro e criar uma ponte entre o poder e o povo. Antes de mais, sou uma poetisa que escolheu ver-se tanto como poetisa como uma hacker no Parlamento, para entender como trazer mais poder para o Povo da Islândia.

Foram os nossos irmãos e irmãs da revolta na Argentina, quem começou a usar panelas e frigideiras, quando se levantaram contra o seu presidente corrupto e o FMI há alguns anos atrás. Nós fomos inspirados por eles. Agora vocês são inspirados por nós. Lembremo-nos de que mesmo o menor sofrimento ou alegria de alguém em nosso mundo é também realmente nosso, pois somos um único povo.

As ideologias da velha escola da política, dos media, sistemas monetários, empresas e todas as estruturas conhecidas estão em um estado de transformação. Eles estão desmoronando-se. Agora é a hora de uma mudança fundamental a todos os níveis: temos que aproveitar este momento. Porque este é O momento.

É invulgar que tantas gerações e indivíduos tenham semelhante oportunidade como esta para transformar o mundo tal como nós o conhecemos. A grande questão é: como podemos transformá-lo? Alteremos a pirâmide do poder para um círculo de poder onde todos nós sejamos valorizados enquanto tal.

É óbvio que estamos funcionando fora do planeta, muitas das pessoas perderam a conexão vital com o nosso ambiente, a maior parte da humanidade já não compreende a causa e o efeito da falta de sustentabilidade e muitos de nós sentem-se perdidos, deslocados e solitários. Todas as estruturas que achávamos que cuidariam de nós, sejam elas sistemas, ideologias, religião, política ou instituições estão falhando. Que momento, este!

Seguir o coração e as entranhas como um poeta faz muito mais sentido para mim do que a seguir o antagonismo ou a manipulação ideológica. A ideologia do certo ou errado do velho mundo simplesmente foi superada. Já não temos parlamentos fortes, com uma ligação estreita e directa entre o povo em geral e os centros de decisão. Temos os chamado políticos profissionais que estão distantes da realidade da maioria em que nós vivemos.

Partidos e os políticos estão muitas vezes instalados num casamento pouco saudável com os interesses financeiros e a corrupção prospera na arena política em todo o mundo. Enquanto muitos governos falam sobre transparência, o processo de políticas e de leis é retalhado em sigilo.

Precisamos mudar isso. Nós temos que saber o que queremos, em vez dessa realidade que estamos enfrentando.

O século 21 será a nossa era, a das pessoas comuns, onde iremos entender que, para viver na realidade que sonhamos, temos que participar e colaborar para co-criar essa mesma realidade.

Exorto-vos a participar num movimento de mudança, fazer parte activa desta oportunidade de mudança. Se eu pude ser deputada no parlamento islandês, qualquer um pode ser membro do parlamento.

Aqui está a nossa primeira tarefa: Se há algo que está entre o que nós temos que fazer sob a tutela das nações e não das grandes empresas, então é o seguinte: as companhias de água, as empresas de energia, o bem-estar social, a educação, a internet e os sistemas de saúde.

Fizemos tudo tão complexo e grandioso, talvez seja hora de voltar a formas mais simples, formas mais auto-sustentáveis. Nós podemos fazer isso, aprendendo uns com os outros, ajudando-nos mutuamente, local e globalmente, lembrando-nos que nós, como indivíduos, podemos mudar o mundo, e agora é a hora de avançar - assumirmos esse desafio e sermos os manufactores de mudança. Não esperemos que os outros o façam por nós, a hora de fazer a diferença chegou!»

Esta mensagem foi encontrada já traduzida no Facebook, está também no blogue Bioterra, e foi publicada originalmente no mural do Facebook de Birgitta Jónsdóttir (English) em 13/10/2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Petição contra a política europeia de biocombustíveis

Petição Avaaz ao Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso:



Imagem obtida em Avaaz


"As culturas alimentares estão-se a transformar em fumo, a destruir florestas e a levar à fome massiva. A Comissão Europeia tenciona travar esta tendência perigosa, mas lobistas das corporações estão a aumentar a pressão para queimar mais alimentos.


Imagem obtida em Friends of The Earth
Os biocombustíveis são comida que alimenta  carros. Percebendo que eles são uma falsa solução para a crise do clima e que estão a levar a fome a milhões, o presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso quer reduzir a quantidade de biocombustíveis nos depósitos de combustível. Mas estão a chegar continuamente cartas à sua secretária de um dos lobbies mais poderosos de Bruxelas para que ele recue.

Temos apenas seis dias para contrariar esta tentativa de influencia corporativa, e garantir que o Presidente Durão Barroso suspenda o absurdo da queima de biocombustíveis! Quando 200.000 de nós tiverem assinado a petição, a Avaaz vai entregá-la diretamente no escritório de Barroso. Assine agora e divulgue."
(fonte: tradução do texto da Avaaz):
 Mais informação em:


Para assinar a petição, basta clicar no título ou no texto da petição ou então aqui

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Os Quatro Ginetes do Novo Apocalipse

«Os Quatro Ginetes do Novo Apocalipse, a primeira longa-metragem do realizador Ross Ashcroft, revela as falhas fundamentais do sistema económico que trouxeram a nossa civilização ao limiar do desastre. 
23 pensadores, frustrados com o fracasso das respetivas disciplinas, quebram o silêncio para explicar como o mundo realmente funciona. 
O filme não faz rodeios ao descrever as consequências da inação continuada, mas a sua mensagem é de esperança. Se mais pessoas poderem ter uma melhor compreensão de como o mundo realmente funciona, então os sistemas e estruturas que condenam milhares de milhões à pobreza ou à insegurança crónica podem finalmente ser derrubados. Nunca foram tão urgentes soluções para as múltiplas crises que a humanidade enfrenta, mas, igualmente, nunca as condições para a mudança foram mais favoráveis.»
Fonte: tradução da sinopse do site do filme

Neste mês de Outubro, o Canal Odisseia transmite o filme de Ross Ashcroft "Four Horsemen", que recebeu o título em português "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse" (Brasil) ou "Os Quatro Ginetes do Novo Apocalipse" (Portugal).

A primeira parte foi já emitida nos dias 7 e 8, e voltará a ser emitida no dia 29, juntamente com as outras duas partes. Veja os horários e as datas na página do canal Odisseia. Pelo que vi no primeiro episódio, não vou perder os outros dois! Abaixo, o trailer, e a seguir, a ligação para o filme (inserido a 27/5/2013):


domingo, 7 de outubro de 2012

2011-2020 Década da Biodiversidade



"Apesar de ter apenas 92.152 km2, Portugal encontra-se entre os países com maior biodiversidade do espaço europeu, mercê da sua situação biogeográfica e da história evolutiva desta região do mediterrâneo ocidental. Tal diversidade manifesta-se nos inúmeros habitats, paisagens e endemismos Portugueses e Ibéricos que de norte a sul do território nacional e com grande relevo nas ilhas atlânticas, nos oferecem esta grande riqueza natural e ao mesmo tempo nos responsabilizam pela sua preservação.
Fonte: Quercus


Não sei que novas estratégias para a proteção da biodiversidade em Portugal estarão na forja, mas  propostas que liberalizam as plantações de eucaliptos e resoluções que pretendem desmantelar a Reserva Ecológica Nacional, não são seguramente bons augúrios para a Década da Biodiversidade!  

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Colapso

Aprender com o passado para entender o presente e para prever o futuro

Assim faz o filme "Colapso" (2010) da National Geographic, baseado no livro de Jared Diamond "Colapso - como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso", de 2005.

Analisando o que se passou com as sociedades Anasazi, na América do Norte, como o povo Maia na América Central e com o império Romano na Europa, paralelismos são traçados e demasiadas semelhanças são encontradas com a civilização de hoje. Todas elas colapsaram. Seguindo os mesmos passos, o que impedirá esta civilização de colapsar?

As argumentações e conclusões do filme podiam ter sido mais bem exploradas, aprofundadas e relacionadas, mas mesmo assim, vale a pena vê-lo.  Mas se pretende aprofundar sobre o que nos impede de prosperar no presente, então veja o documentário THRIVE.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Agropecuária, um fardo para natureza e saúde humana"

De 1 a 7 de outubro de 2012 acontece a 5ª Semana Vegetariana, que este ano tem como tema "O impacto da agropecuária na saúde". O artigo que se segue foi escrito pela dietista Cláudia Maranhoto para a Semana Vegetariana Internacional 2012.

Fotografia de fazenda de gado na Amazónia (Greenpeace), obtida aqui
Agropecuária, um fardo para natureza e saúde humana

Por Cláudia Maranhoto

«Não existe outra criatura à face da Terra que utilize, em seu favor, os fenómenos naturais de forma tão eficiente como o Homem. Desde os primórdios dos tempos, que o ser humano tenta desenvolver técnicas cada vez mais eficazes com o objetivo de facilitar a sua vida quotidiana. 

Começando pela descoberta do fogo ou a invenção da roda, passando pela invenção da imprensa e da máquina a vapor (Revolução Industrial) o homem desde cedo tenta superar-se buscando e rebuscando ferramentas que o auxiliem na conquista do seu bem-estar. Ainda que inicialmente essa busca seja movida pelo objetivo primário de melhorar e facilitar a vida da humanidade, esta não deixa de ser, em última instância, uma busca por domínio, por poder, sobre o seu semelhante e sobre o mundo.

A tecnologia e os seus avanços são fruto dos interesses económicos, do capitalismo, e neste sentido o seu equilíbrio depende de como o seu conhecimento é partilhado, podendo comprometer até o verdadeiro significado de Progresso. Este progresso tecnológico evoluiu a grande velocidade desde a década de 80 e acarretou profundas mudanças políticas, sociais e económicas à escala mundial. A grande modificação, a globalização da economia, originou a quebra de barreiras comerciais entre as nações, aumentando o nível de competitividade do mercado e trazendo enormes mudanças estruturais nos processos produtivos. Aliado ao interesse económico, a necessidade de aumentar a produção devido ao crescimento populacional no mundo, exige a procura de novas técnicas de produção de alimentos.

O homem encontrou a solução! Por um lado, aumentou a produção animal, confinando os animais em espaços muitíssimo reduzidos, para que gastem pouca energia ao movimentarem-se, alimentando-os com rações preparadas e injetando-lhes hormonas de crescimento, de forma fazê-los crescer muito e mais depressa. Este confinamento potencia o aparecimento de doenças que se propagam e comprometem toda a produção. Mas o homem também resolveu administrar antibióticos (que influenciam a saúde do homem) para evitar a perda de animais, ou seja, de dinheiro. Por outro lado, na agricultura, para além da maquinaria, e das modificações genéticas, utiliza como recurso milhares de químicos que aplica no solo e nas plantações, para prevenir ou exterminar pragas, para estimular o crescimento e garantir as características visuais exigidas pelos mercados. Parece perfeito não é?

Mas não é, e está longe de o ser! Não é de hoje que o desenvolvimento económico tem sido apontado como um dos determinantes da degradação do ambiente e da saúde humana. Os padrões de produção e consumo estão relacionados com a maioria dos problemas ambientais decorrentes do desenvolvimento tecnológico na pecuária, como a emissão de gases de efeito estufa, por exemplo. Os gases produzidos no estômago dos bovinos geram muito metano, que tem cerca de 21 vezes mais potencial de aquecimento que o CO2. Também os dejetos dos animais libertam gases, o óxido nitroso, com potencial de aquecimento 310 vezes superior. Juntamos a isto, a preocupação do CO2 libertado com o desmatamento de florestas para a produção de cereais para alimentação do gado e para pastos. Nos EUA, o Departamento de Agricultura estima que os animais confinados geram aproximadamente 500 milhões de toneladas de dejetos por ano, três vezes mais resíduos brutos que os gerados pela população norte-americana. E segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o setor pecuário emite mais gases causadores do efeito de estufa que os automóveis.

Também na agricultura são relevantes os feitos da evolução económico-tecnológica, com as brutais doses de pesticidas aplicados na produção agrícola. Com o objetivo de proteger, prevenir e aumentar a produção, são usados diversos produtos químicos, desde praguicidas, herbicidas, fungicidas, fertilizantes, adubos, etc. A contaminação pelos agrotóxicos, acontece direta e indiretamente através da contaminação dos solos, das águas, dos alimentos e das pessoas. Estes poluentes são usados de forma descontrolada e abusiva, passam da terra para os pastos, dos pastos para os animais e destes para a carne, o leite e finalmente para o topo da cadeia alimentar, o homem, acumulando-se progressivamente, trazendo graves problemas de saúde. A aplicação de fertilizantes nitrogenados, por exemplo, trazem graves problemas à saúde humana e ao meio ambiente, contaminando as águas através dos lençóis freáticos. O consumo, mesmo que por curtos períodos, de água com valores de nitratos acima de estabelecido, pode causar problemas no transporte de oxigénio ao cérebro e outros órgãos, especialmente em crianças, grávidas e idosos. 

Alguns pesticidas podem persistir na comida por períodos consideráveis, se estes são pulverizados (o que acontece com frequência), antes da colheita, sem o intervalo de segurança exigido, estas substâncias podem perdurar nos alimentos até estes serem distribuídos e consumidos, provocando intoxicações. Outros pesticidas, derivados do petróleo, são pouco solúveis em água, o que os torna mais tóxicos e de elevada absorção cutânea, mas também a nível digestivo e respiratório.
São muitos os estudos que comprovam a toxicidade destes produtos, que se vão acumulando no organismo e degradando a saúde e qualidade de vida. A forma mais comum de acumulação destas substâncias no organismo é no tecido adiposo, pelo que o consumo de carnes, e produtos lácteos é a forma mais comum de contaminação, seguidos dos produtos hortícolas. Milhões de toneladas de pesticidas são aplicados todos os anos nos cultivos, sendo os resíduos encontrados em frutas e vegetais. São comuns os resíduos múltiplos e alguns estudos sugerem que o seu efeito é centenas de vezes mais tóxico do que os mesmos compostos individualmente. Associados a intoxicações crónicas e agudas, levando mesmo à morte, a lista dos problemas identificados causados pela acumulação no organismo destes produtos é longa. Enxaquecas, abortos espontâneos, alterações do comportamento, alterações genéticas, infertilidade, alterações hormonais, alterações da coagulação sanguínea, lesões hepáticas, distúrbios sensoriais, do equilíbrio e musculares, cancro. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA classifica os resíduos de pesticidas entre os três principais riscos ambientais relacionados com o cancro.

Uma outra questão completamente ignorada e negligenciada pelos produtores é a qualidade nutricional dos produtos hortícolas, pelo facto de o interesse maior ser o rápido crescimento dos produtos e o aspeto visual. Os solos excessivamente explorados tornam-se esgotados em minerais. Assim como os adubos, as técnicas de melhoramento genético, tornam os produtos de cultivo muito mais pobres nutricionalmente, o que faz com que a variação, por exemplo, de vitamina C nas laranjas, possa ser de entre 0 e 180mg. É verdade, podemos encontrar hoje em supermercados, laranjas sem nenhum conteúdo de vitamina C. Também o processo de refinação empobrece os alimentos, para termos noção, alimentos como arroz, farinhas e açúcar refinados têm cerca de 77% menos quantidade de zinco que as variedades integrais. Muitas vezes o que temos, quando compramos frutas grandes e de bom aspeto, é na sua maioria água.

Atualmente discute-se o desenvolvimento tendo como objetivo a sustentabilidade. A sociedade está a tornar-se mais exigente nas questões ambientais e da saúde. Fatores como produção sustentável, conservação do meio ambiente, segurança alimentar, estão em cima da mesa e mostram-se fundamentais para ir ao encontro das exigências dos consumidores. Até há pouco tempo considerava-se apenas a perspetiva económica, no entanto a mudança está a acontecer e a crescer a necessidade de aumentar consciências e responsabilidades sobre o tema. As empresas para se manterem competitivas, terão de ter em conta, também, estas novas exigências, e oferecer produtos socialmente corretos, o que implica preocupação com o meio ambiente, a saúde dos consumidores, bem como o relacionamento ético com os mesmos. Urge uma mudança de valores, e embora a questão económica tenda a impor-se, a dimensão social e ambiental começam a ser valorizadas.»

Artigo da dietista Cláudia Maranhoto, para a Semana Vegetariana Internacional 2012 (28/07/2012).

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