domingo, 12 de novembro de 2017

O perigo dos aerossóis e da geoengenharia



As nações, seus governos  e suas pessoas, já sabem há décadas que a atual economia está a alimentar o aquecimento global. Não conseguiram, porque não quiseram,  travar o aquecimento global enquanto era tempo, continuando a consumir combustíveis fósseis e a desflorestar, como se nada (ou quase nada) se passasse.

Entretanto, em vez de agarrar as soluções sustentáveis, como as energias renováveis ou a diminuição do consumo,as soluções de geoengenharia imaginadas por cientistas, que visam manipular o clima, começam a ser faladas mais "abertamente".

Imagem obtida em PET.EAA -UFV
Estas técnicas já são estudadas há vários anos, (ver este o artigo "Um guarda-sol para refrescar a Terra" de 2006) e até são financiadas por milionários, como Bill Gates (ver no The Guardian, 2012). No entanto, nunca foram testadas, porque não o podem ser, já que só há uma atmosfera, só há uma escala de ensaio - a realidade.

É o caso de lançar aerossóis na atmosfera, que não fazem ideia das potenciais consequências negativas que daí advém.  E há quem afirme que essas soluções já estão no ar!

O ser humano têm sérias dificuldades em duas coisas: perceber o princípio da precaução e mudar de comportamentos! E desta maneira coloca a sua espécie (e muitas outras) em risco de extinção.

Sobre este assunto, aconselho o extrato da conversa com Filipe Duarte Santos e Luísa Schmidt no vídeo no topo, e também o vídeo da NASA, mais abaixo, que explica o que são aerossóis. Pelo meio, um extrato de um artigo do jornal DW Brasil sobre o uso de aerossóis de sulfato na estratosfera para travar o aquecimento global.

«Sulfato na estratosfera

A gestão de radiação solar com o uso de aerossóis reflexivos na estratosfera não está incluída nos cenários de redução de emissões do IPCC, mas o painel da ONU a descreveu como um meio de, "compensar,em certa medida, o aumento da temperatura global e alguns de seus efeitos". Outras tecnologias de SRM, como colocar espelhos no espaço para desviar os raios solares, também estão sendo avaliadas, mas são consideradas caras e complicadas demais para serem executadas.

Já os aerossóis são vistos como baratos e viáveis. Ainda assim, eles provavelmente são a mais controversa das tecnologias de geoengenharia. Além de envolver uma intervenção direta no sistema planetário, com consequências amplamente desconhecidas, essa opção não lida com as causas do aquecimento global. Ela também gera questões complicadas, como: quem vai regular o termostato global? E como impedir conflitos entre as nações sobre os efeitos colaterais?

Imagem de DW
É quase certo que vaporizar sulfato ou outros tipos de aerossóis na estratosfera, a no mínimo 19 quilômetros de altura, com o objetivo de refletir a radiação solar, vai reduzir as temperaturas globais. Esse efeito foi observado depois da violenta erupção vulcânica no Monte Tambora, na Indonésia, em 1815, quando o tempo ruim e as baixas temperaturas levaram a uma queda disseminada nas colheitas e ao "ano sem verão".

Testar como os aerossóis se comportam na estratosfera e que outras consequências eles poderiam ter exige uma experiência de campo numa escala equivalente ao uso previsto. Como isso não é possível, os pesquisadores terão de confiar em modelos matemáticos computadorizados que replicam de forma imperfeita o mundo real.

Alguns mostram que a redução da radiação solar levaria a uma diminuição nas chuvas e na disponibilidade de água nos trópicos, enquanto outros apontam para uma recuperação lenta da camada de ozônio sobre a Antártida.

"O grau de incerteza é muito elevado", comenta a pesquisadora Ulrike Niemeier, do Instituto Max Planck de Meteorologia, de Berlim. E isso não vale só para a ciência. Se, por exemplo, o clima estiver sujeito à manipulação, e um determinado país passar por um período de seca por causa disso, esse país poderia adotar ações legais. Ou até algo pior.»

Fonte: "Os riscos da manipulação do clima pela geoengenharia", Jennifer Collins,  18.10.2017, DW Brasil

2 comentários:

  1. Ó Manuela!

    Como é que a molécula de CO2 sabe que só a radiação que é reflectida pela superfície do grão de areia é que é para ser reflectida de volta para a superfície?

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  2. E já agora, que é para os crentes não começarem já a soltar gritos de "queima na fogueira"!...

    "Carbon dioxide and nitric oxide are natural thermostats,” explains James Russell of Hampton University, SABER’s principal investigator. “When the upper atmosphere (or ‘thermosphere’) heats up, these molecules try as hard as they can to shed that heat back into space.”

    That’s what happened on March 8th when a coronal mass ejection (CME) propelled in our direction by an X5-class solar flare hit Earth’s magnetic field. (On the “Richter Scale of Solar Flares,” X-class flares are the most powerful kind.) Energetic particles rained down on the upper atmosphere, depositing their energy where they hit. The action produced spectacular auroras around the poles and significant1 upper atmospheric heating all around the globe.

    “The thermosphere lit up like a Christmas tree,” says Russell. “It began to glow intensely at infrared wavelengths as the thermostat effect kicked in.”

    For the three day period, March 8th through 10th, the thermosphere absorbed 26 billion kWh of energy. Infrared radiation from CO2 and NO, the two most efficient coolants in the thermosphere, re-radiated 95% of that total back into space."

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